Últimos dias de vida
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INCA
Abstract
Desde a década de 1980, o Instituto Nacional de Câncer (INCA) assumiu o compromisso do
cuidado integral do paciente com câncer, do diagnóstico ao estágio final da doença, tendo
como fundamento a qualidade de vida do enfermo, guardando coerência com as doutrinas de
universalidade, equidade e integralidade do Sistema Único de Saúde (SUS). No INCA, há 36 anos, instituímos uma unidade dedicada aos cuidados paliativos, assumindo um papel de protagonismo, no Brasil, no desenvolvimento de ações de assistência, ensino e pesquisa, baseado no conceito de hospice não só como local de internação específico, mas com a filosofia e os conceitos de trabalho e acolhimento de pacientes, familiares e cuidadores, em ações que ultrapassavam o muro da Instituição e chegavam aos lares dos doentes com neoplasias malignas em fase terminal. Ao longo dos anos, reunimos profissionais que se dedicaram a estabelecer programas para pacientes com câncer quando as terapias específicas de cura e controle tornam-se ineficazes e a terapia específica torna-se imperativa. Aprendemos que esse acolhimento se estende também a familiares e cuidadores. Passamos a ser formadores e contribuímos na construção da filosofia dos cuidados paliativos, hoje reconhecida como área de atuação médica e multiprofissional. Aprendemos a lidar com o luto e dar conforto espiritual, qualificando a percepção da importância do processo de linha de cuidados integral na oncologia.
Recentemente, a International Association for Hospice and Palliative Care desenvolveu um consenso de mais de 450 paliativistas de todo o mundo com o objetivo de ampliar a definição de “cuidado paliativo”. Esse novo conceito foi apresentado pela Lancet Commission Global Acess to Palliative Care and Pain Relief, como cuidados holísticos ativos de indivíduos de todas as idades,
com sérios sofrimentos relacionados à saúde em razão de doenças graves e, especialmente,
daqueles próximos ao fim da vida. O cuidado paliativo, portanto, tem como objetivo melhorar a
qualidade de vida de pacientes, familiares e cuidadores. Essa nova definição vem sendo adotada
em alguns documentos da Organização Mundial da Saúde (OMS)b.
O câncer vem se tornando a questão de saúde pública primordial, devendo vir a ser, em um futuro
próximo, a principal causa de mortalidade por doença no mundo. No Brasil, o INCA estima que
704 mil novos casos por ano serão diagnosticados no próximo triênio. O rápido envelhecimento
da nossa população fez aumentar não só a incidência de câncer, mas de outras doenças crônicas
não transmissíveis, tornando cada vez mais urgente a necessidade de um cuidado especializado
para alívio do sofrimento humano e atenção ao luto complicado. Em 2017, mais de 56 milhões
de pessoas no mundo necessitavam de cuidados paliativos. No entanto, a demanda por esse tipo
de cuidado não é suficientemente atendida. Há um vasto caminho a ser percorrido rumo à oferta
universal e à melhoria desse tipo de cuidado. Neste sentido, a publicação de uma obra que pode avaliar a prática de profissionais de saúde de diferentes partes do Brasil deve ser saudada com entusiasmo. Principalmente se ela, como é o caso, é fruto de trabalho coletivo de profissionais dedicados e de grande conhecimento, adquiridos no trabalho constante nesta área. Sua publicação constitui-se em um marco que sinaliza nosso compromisso com o cuidado integral ao paciente com câncer. O trabalho inicial da Dra. Magda Côrtes Rodrigues Rezende desenvolveu-se, frutificou e precisa ser multiplicado em outros locais
do Brasil. Boa leitura.
Description
260 p.: il. color.
Citation
INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER (Brasil). Últimos dias de vida. Rio de Janeiro: INCA, 2023. 260 p. (Cuidados paliativos na prática clínica, 2). ISBN 978-65-88517-04-8.