Estudo da resposta molecular de pacientes com Leucemia Mieloide Crônica a diferentes modalidades terapêuticas e dos mecanismos genéticos subjacentes à resistência aos inibidores tirosina quinase e progressão na doença
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A incidência da leucemia mielóide crônica (LMC) aumenta com a idade e é caracterizada
pela translocação entre os cromossomos 9 e 22, originando o gene de fusão BCR-ABL1 que
traduz uma oncoproteína constitutivamente ativa. Essa particularidade permitiu o
desenvolvimento do primeiro inibidor alvo específico, reduzindo o número de pacientes
submetidos ao transplante de células-tronco hematopoiéticas (TCTH). Porém, a resistência
aos inibidores ainda é um problema clínico crescente, assim como a recaída ao TCTH. Por
isso, este trabalho propõe-se a avaliar a resposta molecular de pacientes com LMC
submetidos a diferentes terapias (inibidor tirosina quinase (ITK) e TCHT) e os mecanismos
genéticos subjacentes à resistência e a progressão. Para que os objetivos propostos fossem
alcançados, a coorte inicial dos pacientes foi subdivida em subcoortes com amostras bem
caracterizadas clínico e molecularmente. O PCR em tempo real (RT-qPCR) foi utilizado para
no monitoramento da doença e para os pacientes pós-TCTH, as amostras foram ainda
analisadas por PCR digital (ddPCR) para comparação de metodologias. Clonagem e
sequenciamento direto foram utilizados para detecção de múltiplas mutações e
sequenciamento de próxima geração alvo específico para identificação de mutação BCR-
ABL1 independentes. Entre os pacientes adultos, 69% foram classificados como
respondedores ótimos a terapia e valores ≤10% BCR-ABL1EI aos 3 meses após início do
imatinibe foram associados a melhor prognóstico, corroborando dados da literatura. Nos 21
pacientes pediátricos a %BCR-ABL1 aos 3 meses também foi associado a um melhor
prognóstico, sendo raros os trabalhos avaliando este parâmetro em pacientes com <18
anos. Entre os 74 pacientes que falharam ao imatinibe e trocaram para 2ITK, melhor
prognóstico foi associado nos que reduziram a carga leucêmica em ≤35 dias. Os poucos
trabalhos avaliando redução da carga leucêmica na LMC, utilizaram ITK em primeira linha,
sendo este, até o nosso conhecimento, o primeiro avaliado em pacientes com 2ITK. Nos
pacientes pós-TCTH com valores >0,06% BCR-ABL1
EI foi observado uma maior
probabilidade de recaída. A metodologia de ddPCR foi mais sensível e o RT-qPCR mais
específico. Entre os pacientes com múltiplas mutações, 66,7% eram mutações compostas e
o restante policlonal. Mutações não detectadas por Sanger (antes da clonagem) foram
frequentes e na maioria sinônimas, poucos clones abrigavam mutações não-sinônimas.
Sugerindo, que a célula tolere um número limitado de mutações de sentido trocado no
domínio quinase. Finalmente, as mutações BCR-ABL1 independentes foram avaliadas em
amostras pré e pós-progressão, sendo detectadas quatro mutações, três após a progressão
na doença. Apesar dos marcos de resposta já estabelecidos, marcadores precoces de
resposta sugeridos neste estudo podem auxiliar ao clínico um melhor acompanhamento dos
pacientes que não estão evoluindo como respondedores ótimos dentro dos tempos
estabelecidos. Ainda metodologias mais sensíveis, como o ddPCR não apresentou benefício
para o monitoramento pós-TCTH, sendo a RT-qPCR ainda a mais indicada. O estudo de
mutações mostrou a complexidade observada com metodologias capazes de analisar
individualmente cada clone, sendo esta aplicação importante na detecção em baixa
sensibilidade de clones portadores de mutações insensíveis aos ITKs disponíveis. Genes
com mutações BCR-ABL1 independentes podem auxiliar na melhor compreensão da
progressão da doença.
Description
190 p.: il. color.
Citation
BONECKER, Simone. Estudo da resposta molecular de pacientes com Leucemia Mieloide Crônica a diferentes modalidades terapêuticas e dos mecanismos genéticos subjacentes à resistência aos inibidores tirosina quinase e progressão na doença. 2018. Tese (Doutorado em Oncologia) - Instituto Nacional de Câncer, Rio de Janeiro, 2018.