Sistemas de saúde, políticas e ações de controle do câncer do colo do útero: Brasil e Chile em perspectiva comparada

Abstract

Com aproximadamente 570 mil casos e 311 mil mortes no mundo, o câncer do colo do útero é o quarto mais comum em mulheres, permanecendo como um grande problema de saúde pública nos países de baixa e média renda, onde 90% das mortes ocorrem. Os países que implantaram programas de rastreamento com sucesso reduziram a incidência e a mortalidade relacionada à doença. Esta tese tem como objetivo analisar as políticas e ações de controle do câncer do colo do útero no Brasil e no Chile. Tanto o Brasil quanto o Chile implantaram programas nacionais, mas não alcançaram ainda os resultados esperados, mantendo taxas de incidência e mortalidade muito distantes das registradas nos países de alta renda. Buscando compreender as particularidades dessas duas experiências, foi desenvolvido um estudo multicasos e comparado para analisar as políticas e ações desenvolvidas em cada contexto e verificar similitudes e diferenças. Ambos os países têm tradição, organização e avanços no que tange ao rastreamento do câncer do colo do útero. Entretanto, os fatores identificados como principais responsáveis pelas falhas nos programas de rastreamento do câncer do colo do útero, a não realização da busca ativa da população em risco, a ausência de sistemas de controle de qualidade dos exames e o seguimento inadequado de mulheres com resultados alterados são mais evidentes no Brasil. O Chile se destaca em termos de organização, sistematização de condutas e gestão do programa, apresentando melhores indicadores que o programa brasileiro. Ambos necessitam implementar ações estratégicas para alcançar mulheres da população-alvo que permanecem sem realizar os exames de rastreamento.