Necessidades não atendidas de sobreviventes de câncer de endométrio: subsídio para elaboração de um plano de cuidado para contrarreferência à Atenção Básica de Saúde
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INCA
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INTRODUÇÃO: Sobreviventes de câncer podem apresentar consequências clínicas, emocionais, sociais e financeiras decorrentes da doença ou do seu tratamento, que repercutem de forma intensa na qualidade de vida. O aumento dessa população traz desafios para o sistema de saúde, tanto no contexto dos centros de tratamento especializados em oncologia, quanto na ótica da Atenção Primária, que dará continuidade à assistência desse indivíduo após o término do acompanhamento de saúde na rede de alta complexidade. Diante disso, o objetivo do presente estudo foi elaborar um plano de cuidado para orientar o processo de alta institucional de pacientes com câncer de endométrio tratadas no Instituto Nacional de Câncer (INCA), a ser implementado no processo de contrarreferência à rede de Atenção Básica, visando o acompanhamento integral das usuárias. METODOLOGIA: Foi realizado um estudo transversal descritivo com sobreviventes de câncer de endométrio tratadas no INCA, que receberam alta institucional até maio de 2022 e tiveram seu último tratamento oncológico realizado entre os anos de 2015 e 2017. Foi realizada a aplicação de questionário estruturado com medidas reportadas pela participante, com o intuito de identificar necessidades de saúde e socioeconômicas não atendidas. Uma pesquisa exploratória com abordagem qualitativa foi realizada com uma parcela das participantes, com o intuito de compreender o processo de alta institucional, bem como as estratégias encontradas na busca por resolução das demandas de saúde após o término do acompanhamento no INCA. A partir dos dados obtidos foi feita a proposta do plano de cuidados. RESULTADOS: 32 participantes responderam o inquérito telefônico, tendo idade média de 67,59 anos. As sequelas tardias mais reportadas foram dificuldade cognitiva, sintomas hormonais e dor crônica. Apenas 25% das mulheres reportou ter recebido um relatório de alta para apresentação à Unidade Básica de Saúde após a alta institucional. O plano de cuidados elaborado constou dos seguintes domínios: resumo do tratamento oncológico, orientações para manejo de sequelas tardias, orientações para exames de acompanhamento e vigilância quanto à sinais e sintomas indicativos de recidiva do câncer. DISCUSSÃO: Foi possível identificar falhas no processo de alta institucional devido às lacunas na comunicação entre as usuárias e o INCA e entre o serviço de alta complexidade e a rede de atenção primária à saúde. Fatores como sobrecarga de atendimentos, falta de estrutura, alta rotatividade de profissionais, obstáculos no acesso geográfico e baixa resolutividade das demandas de saúde através das unidades básicas foram algumas das questões apontadas como barreiras no acesso aos serviços públicos após a alta institucional. A preocupação com o estado de saúde esteve presente nas narrativas das entrevistadas, especialmente devido à presença de sequelas tardias decorrentes do tratamento oncológico, gerando uma inquietação quanto à necessidade de resolução de suas demandas de saúde. CONCLUSÃO: A integralidade da assistência à saúde é fundamental para garantir qualidade de vida às sobreviventes de câncer. O acesso a um plano de cuidados auxiliará no acompanhamento dessa população, sendo uma ferramenta de comunicação entre a rede primária e os serviços especializados em oncologia dentro do Sistema Único de Saúde.
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