Sepse Brasil: estudo epidemiológico da sepse em unidades de Terapia Intensiva brasileiras
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Revista Brasileira Terapia Intensiva
Abstract
Justificativas e Objetivos: A sepse representa a
principal causa de morte nas UTI em todo o mundo.
Muitos estudos têm demonstrado um aumento da inci dência ao longo do tempo e apenas uma leve redução
na mortalidade.
MÉTODO: Foi realizado um estudo prospectivo em 65
hospitais de todas as regiões do Brasil. Os pacientes
que foram admitidos com sepse ou que desenvolveram
sepse no mês de setembro de 2003 foram incluídos. O
acompanhamento foi feito até o 28º dia de internação e/ou até a alta da UTI. O diagnóstico seguiu os crité rios clássicos propostos na convenção de 1991. Foram
avaliados dados demográficos, escore APACHE II, es core SOFA, mortalidade, fonte de infecção, microbiolo gia, comorbidades, tempo de internação, uso de venti lação mecânica, cateter de Swan-Ganz, vasopressores
e hemotransfusão.
RESULTADOS: Setenta e cinco unidades de terapia in tensiva de todas as regiões do Brasil participaram do es tudo. Foram identificados 3128 pacientes e 521 (16,7%)
foram diagnosticados como tendo o diagnóstico de
sepse, sepse grave ou choque séptico. A idade média
foi de 61,7 (IQR 39-79), 293 (55,7%) corresponderam ao
sexo masculino, e a mortalidade global em 28 dias foi de
46,6%. O escore APACHE II médio foi de 20 e o escore
SOFA no D1 foi de 7 (IQR 4-10). O escore SOFA no gru po dos não-sobreviventes foi maior no D1 (8, IQR 5-11),
e aumentou no D3 (9, IQR 6-12). A mortalidade na sep se, sepse grave e choque séptico foi de 16,7%, 34,4% e
65,3%, respectivamente. O tempo médio de internação
foi de 15 dias (IQR 5-22). As duas principais fontes de
infecção foram o trato respiratório (69%) e o abdômen
(23,1%). Os bacilos gram-negativos foram mais prevalen tes (40,1%). Os cocos gram-positivos foram identificados
em 32,8% e as infecções fúngicas em 5%. A ventilação
mecânica ocorreu em 82,1% dos casos, uso de cateter
de Swan-Ganz em 18,8%, vasopressores em 66,2% e
hemotransfusão em 44,7% dos casos.
CONCLUSÕES: O estudo evidenciou uma elevada mor talidade da sepse nas UTI em nosso país. A mortalidade
no choque séptico é uma das mais elevadas no mun do. Nossos pacientes são mais graves e com tempo de
internação maior. O momento é muito propício a uma
reflexão ainda maior sobre esta doença que é a principal
causa de morte nas UTI, haja vista o elevado impacto
econômico e social. Precisa-se cada vez mais desenvol ver Campanhas de Sobrevivência na Sepse e fazer uso racional, baseado em evidências, dos recursos por ora
disponíveis e da forma mais precoce possível.
Description
p. 1-17.: il. p&b.
Keywords
Citation
SALES JÚNIOR, João Andrade Leal et al. Sepse Brasil: estudo epidemiológico da sepse em unidades de Terapia Intensiva brasileiras. Revista Brasileira Terapia Intensiva, v. 18, n. 1, p. 1-17, jan./mar. 2006.