Família e Cuidados Paliativos em Pediatria: desafios à garantia do cuidado
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Revista Brasileira de Cancerologia
Abstract
O presente artigo busca apresentar algumas reflexões
tecidas a partir do cotidiano de trabalho do Serviço Social
numa clínica de pediatria oncológica sobre as questões sociais
que envolvem as famílias e o cuidado paliativo pediátrico.
Para a filosofia, a palavra “cuidado” deriva do latim
“cura”. A forma mais antiga de se utilizar a palavra cura
no sentido de cuidado era em contexto de relações de
amor e amizade. A noção de cura não se restringe apenas
ao afastamento da dor, do sofrimento e da morte, mas
também inclui a busca pela ampliação da capacidade
de autonomia e qualidade de vida da própria pessoa
que demanda o cuidado1
. Segundo Boff2
, o cuidado,
historicamente, sempre requisitou do homem a busca
pela atenção efetivamente direcionada a si mesmo ou
ao outro. A atitude do cuidado significava solicitude,
diligência, atenção, bom-trato, preocupação, inquietação
e responsabilidade.
O cuidado em saúde pressupõe uma ação integral
que não se restringe apenas às competências e às tarefas
técnicas. O acolhimento, os vínculos de intersubjetividade,
a escuta dos sujeitos e o respeito pelo seu sofrimento e
história de vida compõem os elementos inerentes à sua
constituição, abrindo espaço para a negociação e a inclusão
do saber, dos desejos e das necessidades do outro3
.
O cuidado paliativo é utilizado para designar a forma
de assistência interdisciplinar direcionada às pessoas que
vivenciam doenças que ameacem a vida. Essa definição
criada pela Organização Mundial da Saúde em 1990
e redefinida em 2002 - como sendo uma abordagem
multidisciplinar que favorece o aumento da qualidade
de vida do paciente e de seus familiares - possibilita
compreender que o cuidado é uma dimensão da
integralidade em saúde. Nessa perspectiva, o cuidado
paliativo preconiza o alívio do sofrimento, com a
preservação da autonomia do paciente, especialmente
no tratamento da dor e outros sintomas de caráter físico,
social, psicológico e espiritual4
.
O tratamento oncológico pediátrico demanda ações
paliativas intensas e contínuas em razão da necessidade
premente de controle da dor e de outros sintomas que
acometem crianças e adolescentes com desdobramentos
na dinâmica familiar, pois implica uma reorganização da
família que necessita conciliar a vida doméstica com as
frequentes idas ao hospital5
.
As repetidas internações e os frequentes deslocamentos
vão modificando o cotidiano familiar, afastando a criança
ou o adolescente das atividades habituais de escola e lazer,
além das interferências na situação de trabalho e renda
dos seus responsáveis. As mudanças na vida da criança
e de sua família, ao se depararem com a doença crônica,
não englobam simplesmente alterações orgânicas ou
físicas, mas atravessam esse ângulo e promovem alterações
emocionais e sociais em toda a família, as quais exigem
constantes cuidados e adaptações.
.
Description
p. 259-262.
Citation
MARTINS, Gabrieli Branco; HORA, Senir Santos da. Família e cuidados paliativos em pediatria: desafios à garantia do cuidado. Revista Brasileira de Cancerologia, v. 62, n. 3, p. 259-262, 2016.