Glossectomia: aspectos funcionais e alimentação no pós-operatório
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Introdução: O tratamento do câncer de língua é eminentemente cirúrgico, causando alterações
fisiológicas, anatômicas, na ingesta oral e na deglutição dos pacientes. O câncer de cavidade oral é o
15° câncer mais comum no mundo, no Brasil para o biênio 2018-2019 será o 10o mais incidente, sendo
o 5° mais comum entre homens e o 12° mais frequente entre as mulheres, e o carcinoma epidermóide
de células escamosas o tipo histológico mais encontrado. Indivíduos do sexo masculino acima de 50
anos são os mais acometidos, sendo a língua e o assoalho bucal o local de maior incidência.
Objetivos: Descrever e avaliar as alterações da ingesta oral dos pacientes submetidos a glossectomia,
analisando a associação entre as alterações da ingesta oral, e as características sócio demográficas,
clínicas e de tratamento oncológico. Métodos: Estudo de coorte retrospectivo em pacientes com
diagnóstico de câncer de língua, submetidos a glossectomia. Um total de 324 pacientes matriculados
no INCA foram retrospectivamente selecionados para a pesquisa, no período de janeiro de 2004 a
outubro de 2015. Foram considerados desfechos os impactos funcionais da ingesta oral (disfagia) após
ressecção cirúrgica de câncer da língua, conforme relato em prontuário e determinados de acordo com
a escala funcional de ingestão oral (FOIS), com seguimento de até 12 meses de pós-operatório. Para
avaliação dos fatores associados ao desfecho, foi realizada regressão logística univariada, as variáveis
com p<0,20 foram selecionadas para modelagem por meio da regressão logística múltipla pelo método
Stepwise Forward, sendo retidas no modelo final as variáveis com p<0,05. Essa pesquisa seguiu as
normas estabelecidas para pesquisa em seres humanos contidas na Resolução 466/12, e foi aprovada
pelo comitê de ética do Instituto Nacional do Câncer (INCA) sob o CAAE: 47993615.5.0000.5274.
Resultados: Os pacientes do sexo masculino foram os mais acometidos pelo câncer de língua
(60,8%). A média de idade foi 60,76 anos DP (13,94). A maioria dos pacientes (56,5%) tinham algum
tipo de relacionamento conjugal no momento do diagnóstico. Quanto ao estádio patológico, 39,8% dos
pacientes estavam em estádio avançado. Dos 324 pacientes avaliados, 168 (51,8%) apresentaram piora
da FOIS no pós-operatório, e 59 (18,2%) permaneceram dependentes de sonda nasoenteral até o final
do seguimento. Observamos aumento da frequência de disfagia severa e moderada no pós-operatório
(disfagia severa 18,2%; disfagia moderada 31,5%), quando comparados ao período pré-operatório.
Durante a regressão logística univariada, as variáveis: Estado conjugal, Estadiamento patológico,
Recidiva do câncer e Linfonodo comprometido apresentaram significância estatística e foram retidas
para análise múltipla, as variáveis: Segundo tumor primário e Realização de radioterapia embora não
tenham apresentado significância, foram retidas para análise múltipla por apresentarem valor de
p<0,20. Na análise múltipla, os fatores associados a piora da FOIS foram: estádio avançado de câncer
de língua (OR=1,91; IC 95% 1,20-3,03; p=0,006) e pacientes sem companheiro (OR=1,60; IC 95%
1,01-2,52; p=0,043). Conclusão: Encontramos aumento da frequência de disfagias severa e moderada,
e redução da frequência de disfagia leve e ausência de disfagia no pós-operatório. Pacientes sem
companheiro e aqueles com estadiamento patológico avançado apresentaram maior risco de disfagia.
Description
83 f.
Citation
ALEXANDRINO, Bruno de Oliveira. Glossectomia: aspectos funcionais e alimentação no pós-operatório. 2018. Dissertação (Mestrado em Oncologia) - Instituto Nacional de Câncer, Rio de Janeiro, 2018.