Carcinoma de células escamosas de orofaringe em pacientes do INCA: características sociodemográficas, clínico-patológicas e moleculares
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O câncer da orofaringe tem incidência crescente em vários continentes. O carcinoma de
células escamosas de orofaringe (CCEO) é responsável por 90-95% deste tumor. Além do
consumo de tabaco e álcool, alguns tipos de Papilomavírus Humano (HPV) foram
associados ao CCEO e, nesses casos, estão relacionados à apresentação clínica e
comportamento biológico distintos. Recentemente, vários estudos utilizaram abordagens
gene-específico e genoma de varredura para examinar alterações epigenéticas, como a
metilação do DNA em CCEO, demonstrando a hipermetilação do promotor em CCEO HPV
positivo. Portanto, este estudo tem como objetivo estabelecer o perfil dos pacientes com
carcinoma de células escamosas de orofaringe, diagnosticados no INCA de 1999 a 2010,
quanto às características sociodemográficas, clínico-patológicas e moleculares. Para isso,
foram coletados registros de 346 pacientes, imunoexpressão da proteína p16, PCRq para
HPV16 E6 e metilação de LINE-1, HLTF-AS1, FAM217B e B3GALT6 foram realizadas,
avaliadas e submetidas a análises bivariada e de sobrevida. Homens brancos, com idade
entre 41-60 anos, etilistas e tabagistas foram os mais afetados. Predominaram tumores
moderadamente diferenciados, em estadiamento clínico IV e tratados com radioterapia. 84
casos de progressão da doença e 106 casos de recidiva foram identificados. 271 pacientes
vieram à óbito, destes 256 tiveram sua morte confirmada por câncer. Os casos negativos
para a imuno-expressão de p16 (90,8%) e para PCRq do E6 HPV16 (88,1%) foram
predominantes. Em relação ao status de HPV, apenas 21 casos (6,1%) foram classificados
como HPV positivos. Os níveis de metilação da LINE-1 e dos genes da assinatura
epigenética (HLTF-AS1, FAM217B e B3GALT6) foram em grande parte heterogêneos. Os
casos HPV positivos apresentam-se hipermetilados para LINE-1 e hipometilados para
HLTF-AS1, FAM217B e B3GALT6. Foram observadas associações entre estadiamento
clínico avançado e tabagismo (p=0,013), intenção de tratamento paliativo (p<0,0001),
recidiva (p=0,008) e óbito (p=0,001). Houve associação entre o status de HPV com o perfil
de metilação de LINE-1 (p<0,0001) e com a assinatura epigenética do HPV (p<0,0001). A
sobrevida global média (SG) foi de 20,79 meses. Tiveram uma SG menor os pacientes
etilistas (p=0,017) e com tumores bem diferenciados (p=0,012). Já a sobrevida livre de
doença (SLD) média foi de 17,60 meses. O grupo de pacientes tabagistas (p=0,038), que
não realizaram terapia adjuvante (p=0,005) e com assinatura epigenética positiva para
HPV (p=0,041) apresentou SLD menor. Em relação à sobrevida específica por câncer
(SEC) a média foi de 20,61 meses. Os pacientes submetidos a tratamento com intenção
paliativa (p<0,0001) e em estadiamento clínico avançado (p<0,0001) apresentaram uma
menor SEC. O perfil de pacientes com CCEO analisados não difere da literatura para
países em desenvolvimento. Status HPV negativo predominou, caracterizando que a
carcinogênese do CCEO no INCA está associada aos fatores de risco clássicos. Hábitos,
tratamento e estadiamento são fatores prognósticos importantes nesta população,
mostrando a agressividade do CCEO.
Description
163 p.: il. color.
Citation
BUEXM, Luisa Aguirre. Carcinoma de células escamosas de orofaringe em pacientes do INCA: características sociodemográficas, clínico-patológicas e moleculares. 2018. Tese (Doutorado em Oncologia) - Instituto Nacional de Câncer, Rio de Janeiro, 2018.