Células tronco de pluripotência induzida (iPSCs) como modelo de estudo de mutações somáticas das neoplasias mieloides
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A mielofibrose primária (MF) é caracterizada por uma mieloproliferação aumentada e fibrose da
medula óssea. Na MF, as mutações somáticas driver ocorrem nos genes JAK2, MPL ou CALR e
mutações em reguladores epigenéticos como TET2 e ASXL1, que podem levar à perda de função.
Neste contexto, as células tronco de pluripotência induzida (iPSCs) podem ser usadas para estudar a
heterogeneidade clonal, recapitular in vitro o fenótipo da doença e em testes para a eficácia de
fármacos. O objetivo principal deste trabalho foi avaliar o impacto das mutações somáticas na
CALR e nos reguladores epigenéticos tanto na reprogramação celular como na diferenciação
hematopoiética usando iPSCs. As mutações em CALR foram caracterizadas por PCR e eletroforese
capilar, e as mutações somáticas nos outros genes foram caracterizadas pelo sequenciamento de
próxima geração. Neste estudo, geramos células iPSC a partir de células primárias CD34+
de
pacientes (P) nomeados de P1 a P6 e dois controles de doadores saudáveis (C1/C2) usando o
sistema baseado em vírus Sendai. O estado de pluripotência foi avaliado pela expressão de
marcadores de células estaminais embrionárias (OCT-3/4, Sox-2, SSEA-4 e TRA-1-81) e a
capacidade de se diferenciar em todas as três camadas germinativas nos ensaios de formação de
corpos embrioides. Os marcadores de células-tronco e das camadas germinativas foram detectados
por imunofluorescência. A diferenciação hematopoiética foi realizada em culturas feeder-free,
suplementada com citocinas. Os progenitores CD43+ CD34+
foram classificados no dia 10 e 14 e
plaqueados em metilcelulose ou em ensaios de coagulação plasmática para quantificar unidades de
formação de colônias (CFU) ou CFU-megacariocítica (CFU-MK), respectivamente. Os granulócitos
foram diferenciados dos progenitores CD34+
/CD43+
durante uma cultura de 25 dias. Após a
reprogramação, realizamos uma caracterização molecular dos iPSCs derivados de P1-P6. A partir de
P4, foram obtidos 32 clones de iPSCs e foram identificados dois genótipos diferentes, CALRins5/
TET2wt (n = 20) e CALRins5/TET2G989X (n = 12). Os diferentes genótipos observados para P4-iPSC
refletem a diversidade clonal presente na amostra primária de MF. Confirmamos que TET2 WT,
bem como o iPSCs carreando TET2 mutado formam bona fide iPSCs, indicando que a mutação
G898X não prejudicou a reprogramação celular. Procuramos, em seguida, estudar o papel dessas
mutações na diferenciação hematopoiética. O potencial clonogênico dos progenitores foi
confirmado pela formação de todos os tipos de CFU mieloide em ensaios de metilcelulose. Usando
o teste do coágulo de plasma, observamos maiores números de colônias grandes CFU-MK (> 50
células) derivadas de clones P1-iPSC vs C1/C2-iPSC. Além disso, observamos um número
crescente de colônias de monócitos derivadas de progenitores CD34+
/CD43+
de iPSCs mutantes
TET2 (CALRins5/TET2G989X) quando comparados com iPSCs CALRins5/TET2WT e iPSC do doador
controle CALRWT/TET2WT. Além disso, os iPSCs portadores de CALR mutante foram associados a
colônias de MK maiores consistentes com o fenótipo observado em pacientes com MF. Neste
estudo, nossos resultados sugerem que mutações em reguladores epigenéticos como o TET2G898X
não parecem prejudicar a reprogramação celular, já que os iPSCs que abrigavam essas mutações
apresentavam todas as características dos bona fide iPSC e que as mutações em CALR e TET2
parecem afetar a diferenciação hematopoiética de iPSCs.
Description
220 p.: il. color.
Citation
GOMEZ, Cintia Elisabeth. Células tronco de pluripotência induzida (IPSCS) como modelo de estudo de mutações somáticas das neoplasias mieloides. 2018. Tese (Doutorado em Oncologia) - Instituto Nacional de Câncer, Rio de Janeiro, 2018.