Pacientes oncológicos com COVID-19 em ventilação mecânica invasiva: evolução clínica, fatores prognósticos e adaptações de instrumento de monitorização ventilatória
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Introdução: Pacientes com câncer apresentaram risco de desenvolver quadros respiratórios
graves, como a Síndrome do Desconforto Respiratório Agudo (SDRA), quando acometidos
por COVID-19, com necessidade de suporte intensivo e de ventilação mecânica invasiva
(VMI). Desenvolver estratégias que reduzam o risco de sequelas pulmonares é importante
para esses pacientes. Objetivo: Descrever a evolução clínica e os fatores associados ao
prognóstico de pacientes oncológicos com COVID-19 que necessitaram de VMI na unidade
de terapia intensiva (UTI) de um hospital de referência em oncologia e, a partir dos resultados
obtidos, propor adaptações no instrumento utilizado na rotina institucional para monitorização
ventilatória de pacientes oncológicos que evoluem com SDRA. Metodologia: Primeira etapa:
estudo de coorte retrospectivo de pacientes com câncer em uma UTI oncológica, com
COVID-19 e em VMI de abril de 2020 a dezembro de 2021. Foram excluídos aqueles em
controle da doença oncológica há mais de cinco anos. As variáveis foram descritas com
medidas de tendência central e dispersão, assim como frequências absolutas e relativas. Para
avaliação dos fatores associados à mortalidade, foi realizada a regressão logística univariada e
múltipla. A medida de efeito foi a razão de chances odds ratio (OR) e o Intervalo de
Confiança (IC) de 95%. Segunda etapa: Foi composto um comitê de especialistas convidados
a participar do estudo pelo aceite de um termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE).
Foram incluídos profissionais com mais de cinco anos de experiência em terapia intensiva
oncológica. A primeira rodada constou da avaliação do grau de concordância entre os
especialistas para cada item do instrumento pela análise do índice de avaliação de conteúdo
(IVC). Na segunda rodada, foi realizada uma reunião com quatro especialistas, para analisar
qualitativamente as sugestões de modificações ou exclusões de itens do instrumento.
Resultados: Primeira etapa: foram incluídos no estudo 85 pacientes. O óbito foi maior entre
os pacientes com tumores sólidos (OR= 3,64; IC 95%: 1,06-12,52), os que necessitaram de
suporte renal (OR= 6,88; IC 95%: 1,82-25,98), os que não puderam ser extubados (OR= 8,00;
IC 95%: 2,16-29,67) e os que apresentaram o valor de pressão de distensão alveolar maior do
que 15cmH2O por pelo menos um dia (OR= 5,9; IC 95%: 1,76-19,80). Segunda etapa: Foram
incluídas no instrumento informações clínicas oncológicas e referentes a monitorização da
mecânica respiratória, de sincronismo e do trabalho muscular respiratório. O comitê de
especialistas foi composto por 29 profissionais. Na primeira rodada, a análise quantitativa
demostrou um grau de concordância satisfatório entre os especialistas, com o valor de IVC de
cada item > 0,80 e o valor de IVC da escala de 0,92. Na segunda rodada, a análise qualitativa
das sugestões apresentadas pelo comitê de especialistas resultou na modificação de 7 itens do instrumento. Conclusão: A monitorização ventilatória criteriosa e personalizada de pacientes
oncológicos em ventilação mecânica, em especial naqueles com SDRA, é uma importante
abordagem não farmacológica. Espera-se que o instrumento proposto neste trabalho possa
impactar a qualidade do serviço ofertado a pacientes com este perfil clínico e trazer a
possibilidade de melhores desfechos a esta população.
Description
117 p.: il. color.
Citation
SANTOS, Michelle de Melo Queres. Pacientes oncológicos com COVID-19 em ventilação mecânica invasiva: evolução clínica, fatores prognósticos e adaptações de instrumento de monitorização ventilatória. 2024. 117f. Dissertação (mestrado profissional em saúde coletiva e controle do câncer) – Instituto Nacional de Câncer, Rio de Janeiro, 2024.