Gastrostomia radiológica percutânea ambulatorial em pacientes portadores de câncer de cabeça e pescoço: análise de potenciais complicações
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O câncer de cabeça e pescoço (CCP) possui alta incidência no mundo e acomete
predominantemente a cavidade oral, a orofaringe e a laringe. As principais etiologias são o
tabagismo, consumo de álcool e a infecção pelo papiloma vírus humano 16 (HPV16). O
diagnóstico precoce e o estadiamento clínico se correlacionam com a sobrevida. A disfagia,
desnutrição e caquexia são altamente prevalentes em pacientes com CCP avançado contribuindo
para desfechos clínicos desfavoráveis, incluindo o óbito. Em pacientes com disfagia e perda
ponderal, a intervenção nutricional através do tubo enteral está indicada e a gastrostomia
percutânea (GTT) é o procedimento de escolha. Apesar de ser um método seguro, complicações
são frequentes. A internação para realização da GTT resulta em custos e ocupação de leitos. Este
trabalho teve como objetivo avaliar a segurança da gastrostomia radiológica percutânea (GRP)
ambulatorial nos pacientes com CCP atendidos no Instituto Nacional de Câncer (INCA). Entre
março de 2017 e setembro de 2018, foi conduzido estudo clínico prospectivo com 39 pacientes
portadores de CCP que foram submetidos ao procedimento de gastrostomia radiológica
percutânea ambulatorial, sob anestesia local e sedação leve. As intervenções foram guiadas por
fluoroscopia no Setor de Radiologia Intervencionista do INCA, e em todos os pacientes foi
utilizada a sonda balonada 20Fr após a realização da gastropexia. Sucesso técnico foi alcançado
em 100% dos casos. O período de seguimento foi de até 6 meses. Os dados clínicos e
demográficos preponderantes foram: 89,5% do sexo masculino, 71% menores de 65 anos, 60,5%
dos tumores primários na orofaringe, tabagismo em 78,9%, estadiamento avançado em 68,4%
dos casos. As complicações foram divididas entre leves ou graves, além de imediatas, precoces e
tardias. No total 50 eventos de complicações ocorreram em 20 pacientes (52,6%). Não foram
observadas complicações imediatas e nem complicações graves. A complicação precoce mais
frequente foi a dor (36%). A complicação tardia mais comum foi o deslocamento da sonda, que ocorreu em 13 episódios. Dentre todas as complicações, independente da temporalidade, a mais
comum foi o deslocamento da sonda, descrito em 17 episódios (34% do total). O tempo mediano
de uso da sonda primária foi de 113 dias. Não foram encontradas associações entre as variáveis
coletadas e a perda da sonda no grupo estudado. Todas as complicações foram manejadas de
forma ambulatorial. Doze pacientes (31,6%) faleceram durante o período de seguimento por
câncer ou outras causas. O perfil de pacientes do INCA pode ser caracterizado majoritariamente
como pessoas com tumores avançados, sem possibilidade de tratamento curativo, com alto risco
nutricional, em que a gastrostomia foi escolhida como método paliativo. As frequências de
complicações observadas foram semelhantes às descritas na literatura para a mesma população.
O procedimento ambulatorial proporcionou rapidez no início do suporte enteral e do tratamento
dos sintomas relacionados à doença, além de potencialmente aumentar a capacidade de
atendimento do INCA. Apesar dessa variável não ter sido estudada detalhadamente, presume-se
que os custos gerais do tratamento foram reduzidos. Como conclusão, nossos dados sugerem que
a GRP ambulatorial foi um método seguro e eficaz para os pacientes e benéfico para a
instituição.
Description
71 p.: il. color.
Citation
GOUVEIA, Hugo Rodrigues. Gastrostomia radiológica percutânea ambulatorial em pacientes portadores de câncer de cabeça e pescoço: análise de potenciais complicações. 2020. Dissertação (Mestrado em Oncologia) - Instituto Nacional de Câncer, Rio de Janeiro, 2020.