Dos medos às midiatizações: corpos, afetos e imaginários em narrativas de mulheres com câncer
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O presente estudo tem como objetivo investigar como a produção de narrativas
midiatizadas de mulheres, sobre a experiência do câncer, contribui para a produção de um
imaginário mítico, trágico e heroico da doença, no qual a mulher é frequentemente representada
como guerreira. Procuramos compreender de que forma a midiatização de narrativas de câncer
afeta a vida e o sentimento de si de mulheres e como elas se sentem em relação à imagem de
"guerreiras". No percurso da pesquisa, analisamos as narrativas de câncer produzidas por Star
Soares, Patrícia Figueiredo e Carolina Sanovicz, a partir de postagens e comentários de seus
perfis nas redes sociais Instagram, YouTube e Facebook. Também utilizamos dados obtidos a
partir de pesquisa em material jornalístico, literatura de autoajuda e entrevistas semiestruturadas
com mulheres em tratamento de câncer há pelo menos seis meses, no Rio de Janeiro.
Empregamos o método hermenêutico-interpretativo, com investigação qualitativa e análise
pragmática da narrativa. Partimos de uma perspectiva socioantropológica, que compreende os
atores sociais em relação uns com os outros. Adotamos como referenciais teóricos a sociologia
compreensiva, o interacionismo simbólico e a antropologia do corpo e das emoções. No
decorrer da pesquisa, foi realizado trabalho de campo com observação participante nas redes
sociais e em hospitais do Instituto Nacional de Câncer (Inca). Esta etapa contou com a
aprovação dos Comitês de Ética do Inca e da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj).
Em 2020, foi realizado estágio doutoral na Universidade de Estrasburgo, sob supervisão de
David Le Breton e com bolsa fornecida pelo Programa Capes-Print, do PPGCOM/UERJ.
Concluímos que, frente ao desejo de ajustar-se ao presente eterno e de dizer sim à vida, a
experiência midiatizada do câncer contribui para o triunfo do vitalismo que, na perspectiva de
Maffesoli, é causa e efeito do “mundo-com”. No imaginário das redes cibernéticas, nas quais
se está permanentemente conectado, as irmanações e solidariedades promovem a dissolução do
eu no outro, diminuindo o peso de ser a si mesma ou, em alguns casos, uma “guerreira” solitária.
A partir de uma perspectiva trágica e destinal, as narrativas do eu depuram as emoções, ao
mesmo tempo em que redimem o corpo, a doença e a morte. Na atração apaixonada das
comunidades de destino, o câncer é mediador do fazer-com, dos heroísmos cotidianos e de
comunhões emocionais.
Description
255 p.: il. color.
Keywords
Citation
VIEIRA, Marcos Fábio Medeiros. Dos medos às midiatizações: corpos, afetos e imaginários em narrativas de mulheres com câncer. 2022. 255 f. Tese (Doutorado em Comunicação) – Faculdade de Comunicação Social, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2022.