Navegação de pacientes para melhorar o acesso aos cuidados de câncer de mama no Rio de Janeiro, Brasil

Abstract

Em países de média e baixa renda, os longos atrasos para diagnóstico e tratamento frequentemente levam a progressão clínica da doença: nos EUA, 60% dos cânceres de mama são diagnosticados numa fase inicial da doença, enquanto no Brasil, isto é verdade para apenas 20% dos diagnósticos. Em um estudo com 87.969 mulheres brasileiras com câncer de mama, 53,5% foram consideradas como tendo estágio avançado (estadio ≥ IIB) e, em outra coorte de estudo, 78,8% das mulheres tinham estadio II-IV. O último relatório da Iniciativa Global de Saúde da Mama destaca a importância de diretrizes desenvolvidas para a detecção precoce, diagnóstico e tratamento do câncer de mama para reduzir, em última análise a mortalidade.O impacto negativo dos atrasos no prognóstico de pacientes com câncer dentro do setor público é tão relevante que o Ministério da Saúde no Brasil promulgou a já mencionada "Lei dos 60 dias". Enquanto esta lei é um esforço importante e bem-intencionado para começar a reduzir os atrasos do sistema de saúde, a vigilância de sua implementação tem sido deficiente. O Programa de Navegação de Paciente (PNP) é projetado para resolver as disparidades de saúde e reduzir os obstáculos ao tratamento do câncer em tempo oportuno. Os Navegadores de Pacientes (NP) são profissionais de saúde treinados que facilitam a tramitação de pacientes no sistema de cuidados de saúde, ajudando-os a superar as barreiras institucionais, socioeconômicas e pessoais para o acesso. A implementação de um PNP para câncer de mama no Rio de Janeiro, o que reflete as lições aprendidas em estudos nos EUA e no projeto piloto na Cidade do México, tem grande potencial para amenizar as barreiras enfrentadas pelos pacientes no setor público da cidade. Ao promover a adesão à "Lei dos 60 dias", PNP pode encurtar o tempo para o início do tratamento do câncer, reduzir a perda de seguimento, e melhorar os resultados de cuidados à saúde de mulheres com câncer de mama no Rio de Janeiro.