Linfonodos positivos e vigilância ativa: fatores preditores de progressão

Abstract

A recorrência de metástases linfonodais é frequente nos pacientes com carcinoma diferenciado de tireoide, levando a procedimentos cirúrgicos repetidos, que parecem trazer um maior potencial de efeitos adversos do que benefícios ao tratamento da neoplasia. A vigilância ativa de linfonodos positivos pode ser uma ferramenta terapêutica confiável em pacientes selecionados conforme resultados de trabalhos recentes. O conhecimento dos fatores que possam predizer o crescimento desses linfonodos e, porventura, a necessidade futura, ou não, de intervenção, poderá ajudar a individualizar o seguimento de longo prazo desses pacientes. Neste estudo foram avaliados, retrospectivamente, os fatores preditores de progressão em linfonodos metastáticos cervicais nos pacientes acompanhados no Instituto Nacional do Câncer, que apresentaram recorrência de doença confirmada através de punção aspirativa e/ou dosagem de tireoglobulina no aspirado da punção aspirativa e que foram submetidos à vigilância ativa. Os critérios de inclusão foram metástases cervicais de ≤ 2 cm e pelo menos 6 meses de vigilância ativa. Foram excluídos os pacientes menores de 18 anos, que apresentaram presença de histologia agressiva, doença de rápida progressão, carcinoma medular, carcinoma com invasão local, linfonodos maiores que 2 cm no maior diâmetro, radioterapia cervical prévia, terapia sistêmica com inibidores de tirosina cinase, confirmação de segundo tumor primário e os pacientes submetidos à radioablação ou alcoolização do linfonodo em questão. O desfecho primário foi progressão de doença (aumento de 3 mm em qualquer diâmetro ou novos sítios de metástase cervical). Trinta e seis pacientes completaram os critérios de elegibilidade para nosso estudo. Vinte e quatro apresentaram doença estável e doze apresentaram progressão da doença. Dezenove pacientes seguem em vigilância ativa na data da apresentação deste trabalho, completando um tempo de sobrevivência livre de progressão de 3 anos em 1⁄3 da amostra, enquanto que nos outros 2⁄3 o tempo foi maior que 5 anos (67, 68 meses), o que sugere que a vigilância ativa é uma opção terapêutica segura em linfonodos positivos menores que 2 cm. O único fator prognóstico associado à progressão de doença que teve significância estatística (P<0,02) foi o volume do maior linfonodo do histopatológico inicial.