Avaliação da qualidade de vida em pacientes com câncer de laringe

Abstract

O câncer de laringe representa aproximadamente 25% das neoplasias malignas da região da Cabeça e Pescoço e 2% de todas as doenças malignas. No Brasil os dados apontam a ocorrência de cerca de 160 mil casos novos de câncer por ano, sendo responsável pelo óbito de 83 mil pessoas ao ano. A incidência é maior em homens com idade acima de 40 anos e é diretamente relacionada ao tabagismo e etilismo. O câncer de laringe e seus diversos tipos de tratamento podem ter um impacto considerável na vida dos pacientes na medida em que esses tratamentos podem resultar em algum grau de disfunção na fala, deglutição, respiração e aparência. A avaliação de qualidade de vida (QV) tornou-se um importante instrumento na mensuração do impacto da doença e tratamentos instituídos uma vez que existem diversas opções terapêuticas. O questionário de avaliação de qualidade de vida da Universidade de Washington (UW-QOL) é um instrumento multidimensional composto por domínios que avaliam funções específicas à cabeça e pescoço, assim como funções sociais e emocionais. Os domínios podem ser avaliados individualmente, por suas dimensões ou por seu escore total para uma visão geral. Objetivo: Avaliar a QV dos pacientes com câncer de laringe tratados no INCA. Metodologia: A pesquisa teve como objetivo avaliar a QV dos pacientes com câncer de laringe, nos estádios I a IV, submetidos a diferentes modalidades terapêuticas e que estiveram em acompanhamento em 2015 e 2016. Avaliamos novamente a QV de um subgrupo de pacientes submetidos à laringectomia total anteriormente. As informações foram coletadas através do UW-QOL. Resultados: Este projeto foi aprovado pelo CEP/INCA sob o protocolo 96/09. Ao total, 168 pacientes foram incluídos no estudo. A maioria era composta por homens (90,1%), casados (68,1%), brancos (74,2%), baixa escolaridade (88%). No momento da entrevista 62,6% dos pacientes eram tabagistas ao diagnóstico e 62,5% eram etilistas. Desses pacientes, 88,6% apresentavam estadiamento avançado, 69,5% fizeram radioterapia adjuvante e 14,2% foram tratados com quimio e radioterapia. Os pacientes laringectomizados totais foram reabilitados predominantemente com prótese traqueoesofágica (45,8%). Conclusões: A QV dos pacientes com câncer de laringe foi considerada muito boa, uma vez que a média do escore composto é 82.5. Os domínios associados à pior QV foram humor, ansiedade para as mulheres, evidenciando que possuem mais dificuldades psicológicas; dor em pacientes com estadiamentos avançados e a reabilitação por meio da voz esofágica. Na avaliação de QV referente à reabilitação vocal, os domínios associados à pior QV foram recreação, mastigação e fala, corroborando que pacientes sem reabilitação não conseguem se comunicar eficazmente. Nos 27 pacientes que refizeram o UW-QOL, evidenciamos a importância do tempo após o tratamento para melhora da QV.