Impacto da pandemia do vírus SARS-CoV-2 em uma unidade de transplante de medula óssea: elaboração de um plano estratégico assistencial com recomendações para o manejo dos pacientes com COVID-19 e outros patógenos respiratórios
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INTRODUÇÃO: A doença do coronavírus 19 (COVID-19) causada pelo coronavírus 2 da
síndrome respiratória aguda grave (SARS-CoV-2) causou milhões de mortes em todo o
mundo. O transplante de medula óssea (TMO) é um procedimento que utiliza altas doses de
quimioterapia e/ou radioterapia, com o objetivo de eliminar as células doentes da medula
óssea e preparar o paciente para receber células-tronco hematopoiéticas saudáveis. Infecções
são importantes causas de morbidade e mortalidade. OBJETIVO: Descrever o impacto da
infecção pelo SARS-CoV-2 no centro de transplante de medula óssea e elaborar um manual
com recomendações de manejo frente a pandemia da COVID-19 e a possíveis outros
patógenos de disseminação respiratória. METODOLOGIA: Ele foi dividido em duas etapas:
1ª, um estudo retrospectivo, observacional, no qual foram incluídos todos os pacientes
encaminhados ao CEMO-Instituto Nacional de Câncer (INCA), no período de abril de 2020-
março de 2022. Foram coletados dados demográficos, clínicos e patológicos. Razões de risco
(HRs), com intervalos de confiança (ICs) de 95%, foram calculadas para as sobrevidas. A 2ª
etapa visou a elaboração do manual com recomendações de manejo de pacientes frente a
infecção pelo SARS-CoV-2/outros vírus respiratórios. Para a sua construção, foram utilizados
os dados do estudo e avaliados em modelo da escala de Likert. RESULTADOS: Foram
incluídos 178 pacientes, 49 (27,5%) positivos para o SARS-CoV-2 (11 realizaram TMO antes
da pandemia e 37 no período da pandemia) e 129 negativos. Um paciente faleceu da COVID19 antes do transplante. Do grupo de pacientes transplantados; 31 (64,5%) foram submetidos
ao transplante alogênico. A maioria era do sexo masculino (64,6%). Em 26 (54,1%) pacientes,
o diagnóstico da COVID-19 foi posterior a realização do TMO e a maioria foi de gravidade
leve/assintomático (79,2%). Nove pacientes (18,8%) eram crianças e/ou adolescentes.
Ocorreu atraso pela COVID-19 na realização do TMO em 40,5% dos casos. A taxa de
mortalidade em 1 ano foi de 24% no grupo dos COVID-19 positivos (n=48) e de 10% no
grupo dos COVID-19 negativos (n=129). Análise do subgrupo de pacientes transplantados
durante a pandemia evidenciou menor SLD nos pacientes com COVID-19 positivos (IC 95%
54-84; p=0,03). A Sobrevida Global foi superior no grupo COVID negativo (IC 95% 63-92;
p=0,06) mas sem diferença estatística. DISCUSSÃO: Mesmo em um serviço altamente
especializado, onde os cuidados com contaminantes externos é extremamente controlado, o
impacto da COVID-19 teve importância clínica significativa devido aos atrasos na realização
dos TMOs, menor SLD e maior taxa de mortalidade para os pacientes COVID-19 positivos,
apontando para a magnitude da necessidade de introdução de medidas extensivas para se
evitar a contaminação com SARS-CoV-2. A elaboração do manual com medidas padrão de
enfrentamento de pandemias/epidemias respiratórias é estratégia importante de contribuição
para contenção da disseminação desse tipo de infecção. CONCLUSÃO: O impacto do
COVID-19 foi substancial no transplante de medula óssea.
Description
111 p.: il. color. e p&b.
Citation
LERNER, Décio. Impacto da pandemia do vírus SARS-CoV-2 em uma unidade de transplante de medula óssea: elaboração de um plano estratégico assistencial com recomendações para o manejo dos pacientes com COVID-19 e outros patógenos respiratórios. 2024. 110 f. Dissertação (Mestrado) - Instituto Nacional de Câncer, Rio de Janeiro, 2024.