Orientações para assistência nutricional a pacientes com câncer avançado em cuidados paliativos suspeitos ou confirmados de infecção pelo novo coronavírus

Abstract

A saúde pública mundial enfrenta atualmente um desafio: a pandemia originada pelo novo coronavírus, agente causador da doença denominada coronavirus disease 2019 (Covid-19), descoberta em 31 de dezembro de 20191,2. O estado de pandemia, por sua vez, foi declarado em 11 de março de 2020 pela Organização Mundial da Saúde (OMS)1 . Sabe-se que o vírus tem alta transmissibilidade e provoca a síndrome respiratória aguda grave do coronavírus 2 (severe acute respiratory syndrome coronavirus 2 – Sars-CoV-2), que varia de casos leves – cerca de 80% – a casos graves com insuficiência respiratória potencialmente letal – entre 5% e 10% dos casos2-4. Pacientes com neoplasias malignas são mais suscetíveis a essa infecção quando comparados aos indivíduos saudáveis em razão do comprometimento do sistema imune, causado pela presença da doença e pelos tratamentos antitumorais5-7. No cenário dos cuidados paliativos oncológicos, esse grupo torna-se mais vulnerável à forma grave da Covid-19, atribuído ao maior risco de resultados desfavoráveis e ao pior prognóstico da doença avançada7,8. No contexto da pandemia, se faz fundamental a oferta de cuidados paliativos9 – abordagem voltada para melhoria da qualidade de vida de pacientes e familiares que enfrentam uma doença ameaçadora da vida, por meio da prevenção e alívio do sofrimento, da identificação precoce e tratamento da dor e de outros sintomas físicos, psicossociais e espirituais10. No campo de conhecimento da nutrição e câncer avançado, não foram encontrados estudos sobre o impacto da infecção pela Covid-19 no estado nutricional. Contudo, os achados que relacionam o estado nutricional com a infecção indicam que a desnutrição, a perda de massa muscular e a funcionalidade podem repercutir em piores resultados8,11. Quanto às alterações laboratoriais, a anemia e a hipoproteinemia são frequentes em pacientes com neoplasias malignas, o que pode afetar a imunocompetência e aumentar a suscetibilidade ao Sars-CoV-2, sendo a hipoxemia e a dispneia sintomas comuns8,11.