Perfil e prognóstico dos pacientes matriculados no Instituto Nacional do Câncer de acordo com o status HIV

Abstract

O câncer tem sido associado à infecção pelo HIV desde o início da epidemia. Com a introdução da TARV, as taxas de incidência de cânceres definidores de aids (CDA) diminuíram e as taxas dos cânceres não definidores de aids (CNDA) aumentaram com o aumento da expectativa de vida. O câncer tem sido um importante causa de mortalidade nessa população. Diante da mudança no perfil epidemiológico de pessoas vivendo com HIV (PVHIV) é importante compreender o impacto da infecção pelo HIV no prognóstico de pacientes com câncer. Objetivo: Analisar a prevalência da infecção por HIV e o impacto no prognóstico de pacientes diagnosticados com câncer, matriculados e tratados no INCA no período de 2000-2014. Metodologia: O estudo é composto por dois tipos de delineamentos, o primeiro um estudo transversal e o segundo um estudo de coorte retrospectiva controle pareado. Para identificação da população de estudo foram utilizadas as bases de dados clínicos do Instituto Nacional de Câncer (INCA). Para o estudo transversal foi realizado uma análise descritiva da população. Para a segunda etapa do estudo a identificação da população se deu a partir da população HIV+ e HIV-. Os critérios de pareamento utilizados foram a data do diagnóstico, tipo histológico, estadiamento clínico e idade. Os dados clínicos sobre a infecção do HIV foram coletados no prontuário físico quando disponível e também através do SISCEL e do Sistema LAUDO. Para as análises de sobrevida foram realizados o teste de Kaplan-Meier e modelo de Cox para as análises de risco. Resultados: Foram elegíveis para o estudo 70.719 pacientes, destes 19.424 (27%) fizeram teste para diagnóstico ou confirmação para infecção para HIV. A população total de pacientes HIV+ identificados, no período do estudo, foi de 743 pacientes. A prevalência da infecção pelo HIV foi de 1,0%, sendo a maior prevalência entre os pacientes com o sarcoma de Kaposi (47%), seguido do LNH (8,7%) e do câncer de colo de útero (1,6%). Para segunda etapa do estudo foram selecionados o câncer de mama e o linfoma não Hodgkin difuso. Nós identificamos 41 pacientes HIV+ com câncer de mama e 118 controles e identificamos 100 pacientes HIV+ com LNHDGCB e 169 HIV-. Com relação aos desfechos de câncer de mama, os pacientes HIV+ tiveram pior sobrevida global se comparados aos pacientes HIV-, a infecção do HIV esteve associada a pior sobrevida global mesmo após o ajuste (HR=1,951, IC=03-3,70). E para os pacientes com LNHDGCB também encontramos associação com a infecção pelo HIV para sobrevida especifica (HR=1,75IC=1,04-2,95). E para a sobre vida global encontramos uma tendência na associação. Conclusão: A prevalência do HIV na instituição foi de 1%. Os cânceres mais frequentes em pacientes HIV+ foram os CDA. A infecção pelo HIV esteve associada à pior sobrevida dos pacientes com câncer de mama e LNHDGCB.