Implicações acerca do tratamento fora do domicílio em pacientes em tratamento quimioterápico ambulatorial

Abstract

Introdução: As neoplasias representam um desafio global de saúde pública, associadas a óbitos prematuros e influenciadas por fatores como mudanças no estilo de vida, dieta, álcool, tabaco e sedentarismo. A quimioterapia é uma abordagem comum, que no entanto, pode acarretar efeitos colaterais significativos, afetando a qualidade de vida como a toxicidade, alopécia, mucosite e náuseas. Devido à complexidade do tratamento e à distribuição desigual de serviços oncológicos, pacientes muitas vezes necessitam realizar deslocamentos frequentes. O Tratamento Fora do Domicílio (TFD) é um direito social que assegura apoio financeiro para deslocamento e alojamento, garantindo o acesso ao tratamento para pacientes do sistema público, efetivando o direito à saúde. Objetivo geral: analisar as implicações acerca do tratamento fora do domicílio em pacientes em tratamento quimioterápico ambulatorial. Método: O desenho metodológico utilizado no estudo foi a pesquisa Survey. Foi realizado um estudo transversal com o emprego da estratégia de amostragem por conveniência e aplicação de questionário prévio. Critérios de inclusão: Pacientes com câncer, que estão submetidos a tratamento oncológico quimioterápico em municípios diferentes daqueles que residem e acima de 18 anos. Critérios de exclusão: Escala Performance de Karnofsky (KPS) inferior a 70% no momento da pesquisa ou sem condições clínicas para responder o questionário e pacientes que se negaram a participar. A análise de dados foi feita por estatística descritiva. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da instituição de coleta dos dados. Resultados: A amostra final contemplou 55 pacientes, majoritariamente do sexo masculino, com idade média de 45 anos, em sua maioria eram pessoas que se declaravam brancas e casadas. A faixa de renda principal encontrada foi de 1 salário mínimo mensal, sobretudo de aposentadoria ou pensão. A respeito do perfil oncológico, houve maior incidência de câncer de cólon e reto, seguidos por neoplasias de traquéia, brônquio e pulmão, em terceiro lugar, os linfomas não-Hodgkin. As comorbidades mais frequentes foram a hipertensão arterial e diabetes. No que diz respeito ao tipo de tratamento efetuado pelos participantes da pesquisa, a realização de quimioterapia isolada foi predominante. O meio de transporte mais utilizado foi o carro ou ambulância oferecido pela prefeitura, o tempo médio de deslocamento foi de 2 horas. Sobre o auxílio para TFD, expressiva parte da amostra não recebia o benefício. Sobre a sensação de realizar o tratamento em outro município, a experiência desconfortável foi predominante em relação a experiência confortável. Na amostra também prevaleceram relatos de pacientes que enfrentavam dificuldades na realização do tratamento fora do domicílio. Ainda assim, um número expressivo de pacientes experimentava benefícios. Conclusão: As principais dificuldades enfrentadas por pacientes que demonstravam implicações na qualidade de vida foram o cansaço, dificuldades financeiras, piora do sono e dificuldade com transporte. Em contrapartida, foram obtidos benefícios no acompanhamento médico e de enfermagem, aumento do apoio familiar e ambientes adequados. Explicitou-se o impacto do TFD em todo o processo de tratamento oncológico, desde o diagnóstico e estadiamento até na qualidade de vida. Destacou-se também a necessidade de avaliação multiprofissional somada a atuação da enfermagem visando a integralidade.