Padrão alimentar da população brasileira e comportamentos de risco para o câncer: pesquisa nacional de saúde, 2013
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INTRODUÇÃO: Concomitante à transição epidemiológica pela qual o Brasil tem passado nas
últimas décadas, também tem sido observada a adoção de estilos de vida não saudáveis, como
consumo de bebida alcoólica, dietas ocidentalizadas e inatividade física. Tais hábitos de vida,
sozinhos ou combinados, promovem o aumento da incidência de doenças crônicas não
transmissíveis, incluindo o câncer. OBJETIVO: Identificar os principais padrões dietéticos na
população brasileira e mensurar as suas associações com comportamentos não saudáveis:
inatividade física, binge drinking e tabagismo. MÉTODO: O estudo foi baseado em dados da
Pesquisa Nacional de Saúde, conduzida em 2013. Os dados representam a população brasileira
adulta. Um questionário contendo 22 itens relacionados ao consumo dietético foi aplicado. Os
padrões dietéticos foram derivados por meio da Análise de Componentes Principais. Os scores
fatoriais foram divididos em quartis (Q1–Q4) e incluídos em modelos multivariados como
variáveis dependentes. Modelos de regressão de Poisson, com erro robusto de variância, foram
realizados para verificar a associação entre os quartis dos padrões alimentares com inatividade
física, binge drinking e tabagismo. Os modelos multivariados foram ajustados para as variáveis
sociodemográficas e àquelas relacionadas à saúde. Para todas as análises, valores de p<0,05
foram considerados estatisticamente significantes. RESULTADOS: O número total de
respondentes foi de 60.202 indivíduos (população estimada: 146.308.458). A análise de
componentes principais identificou três padrões dietéticos: padrão “Saudável” – composto por
frutas, vegetais e suco natural de frutas; padrão “Proteína” – composto por feijões e carnes;
padrão “Ocidental” – composto por lanches, doces e refrigerantes. Indivíduos sedentários (RP:
0,83; IC: 0,80–0,87), fumantes (RP: 0,76; IC: 0,71–0,81) e aqueles que consumiam bebida
alcoólica em excesso (RP: 0,84; IC: 0,79–0,90) apresentaram menor adesão ao padrão
Saudável, comparados aos indivíduos fisicamente ativos, não fumantes e abstêmios. Os mais
jovens (18–24) apresentaram menor adesão ao padrão Saudável (RP: 0,52; IC: 0,49–0,58) e
maior adesão ao padrão Proteína (RP: 1,52; IC: 1,42–1,62) comparados com os mais idosos
(60+). Os indivíduos fumantes (RP: 1,15; IC: 1,11–1,19) e consumidores de bebida alcoólica
em excesso (RP: 1,09; IC: 1,05–1,14) aderiram mais ao padrão Proteína comparados aos não
fumantes e abstêmios. A adesão ao padrão Ocidental foi mais comum entre os mais jovens (RP:
1,80; IC: 1,68–1,93) comparados aos idosos. Consumir bebida alcoólica em excesso aumentou
a chance de adesão ao padrão Ocidental (RP: 1,10; IC: 1,06–1,15) em comparação à abstenção;
indivíduos sedentários e fumantes não apresentaram associações significantes com este padrão.
CONCLUSÃO: Nós identificamos associações significantes entre os três padrões dietéticos e
estilos de vida não saudáveis na população brasileira adulta. Contudo, o principal fator de risco
foi a idade jovem, que esteve fortemente associada ao padrão Ocidental. Nosso estudo apontou
que adultos jovens devem ser os principais alvos no contexto de nutrição e saúde pública.
Description
149 p.: il. color.
Citation
SANTOS, Jonas Eduardo Monteiro dos. Padrão alimentar da população brasileira e comportamentos de risco para o câncer: pesquisa nacional de saúde, 2013. 2019. Dissertação (Mestrado em Oncologia) - Instituto Nacional de Câncer, Rio de Janeiro, 2019.