Dispositivos eletrônicos para fumar nas capitais brasileiras: prevalência, perfil de uso e implicações para a Política Nacional de controle do Tabaco
Loading...
Date
Journal Title
Journal ISSN
Volume Title
Publisher
Cadernos de Saúde Pública
Abstract
O objetivo deste estudo foi estimar a prevalência de uso de dispositivos eletrô nicos para fumar (DEF) e explorar o fluxo lógico esperado do potencial impac to dos DEF na iniciação de cigarro convencional. Foram utilizados dados da
Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por
Inquérito Telefônico (Vigitel) de 2019, que entrevistou 52.443 indivíduos
de 18 anos ou mais das 26 capitais brasileiras e do Distrito Federal. Foram
calculados as prevalências pontuais e os intervalos de confiança (IC95%) de
uso atual e na vida de DEF em cada capital brasileira, e avaliado o perfil dos
usuários destes dispositivos. Estimou-se a prevalência de uso na vida em 6,7%
(IC95%: 6,13-7,27) e uso atual em 2,32% (IC95%: 1,97-2,68). São 2,4 milhões
de indivíduos que já usaram DEF e 835 mil que usam atualmente. Cerca de
80% das pessoas que já usaram DEF têm entre 18 e 34 anos. A prevalência de
uso diário e uso dual entre jovens de 18 a 24 anos foi quase 10 vezes a preva lência nas faixas etárias superiores. Mais da metade dos indivíduos que usa ram DEF na vida nunca fumaram. A proporção de mulheres e de indivíduos
com escolaridade mais elevada foi maior no grupo de jovens que faz uso exclu sivo de DEF do que entre os que usam cigarros convencionais exclusivamente.
Também, usuários de dispositivos apresentaram maior consumo abusivo de
álcool. Nossos achados vão em sentido oposto ao argumento da indústria do
tabaco de que o público-alvo dos DEF são fumantes adultos. E, dado que gru pos, a princípio, menos propícios ao uso de cigarros convencionais estão tendo
sua iniciação com o DEF, os resultados alertam sobre o possível impacto nega tivo da disseminação dos dispositivos sobre a exitosa experiência do Brasil no
combate ao tabagismo.