Influência da atividade física na qualidade de vida relacionada à saúde de mulheres submetidas à quimioterapia neoadjuvante para o tratamento do câncer de mama

Abstract

Introdução: O tratamento do câncer de mama (CM) é responsável por diversas complicações que podem levar à piora da qualidade de vida (QV) dessa população. Nesse sentido, a qualidade de vida relacionada à saúde (QVRS) tem sido estudada como um importante desfecho e pode ser associada a diferentes fatores demográficos, clínicos e relacionados aos hábitos de vida, entre eles a atividade física (AF). Objetivo: Avaliar a influência do nível de AF na QVRS de mulheres submetidas à quimioterapia neoadjuvante com esquema adriamicina e ciclofosfamida (AC) para o tratamento do CM. Materiais e métodos: Estudo de coorte prospectiva em mulheres diagnosticadas com CM, com indicação de quimioterapia neoadjuvante com esquema AC, no período de 04 de abril de 2016 a 02 de agosto de 2017, no Hospital do Câncer III (HCIII/INCA). As pacientes foram submetidas à entrevista, exame físico e aplicação dos questionários no momento da inclusão no estudo (consulta de primeira vez com o médico oncologista da instituição) e após 21 dias do término do 4º ciclo da quimioterapia neoadjuvante com esquema AC. Foi considerado como desfecho do estudo a QVRS, avaliada por meio do questionário EORTC QLQ-C30 3ª versão (European Organisation for Research and Treatment of Câncer Quality of Life Questionnarie) e do módulo específico de CM – EORTC QLQ-BR23. Como exposição principal, foi considerada a AF, avaliada por meio da versão longa do Questionário Internacional de Atividade Física (IPAQ), sendo avaliada no período pré-diagnóstico e após o esquema de quimioterapia neoadjuvante com AC. Este projeto foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Instituto Nacional de Câncer, sob número do parecer 1.400.320 (CAAE 51100615.7.0000.5274), em 02 de fevereiro de 2016. Foi realizada análise descritiva da população e análise de regressão linear simples e múltipla entre os níveis de AF e os domínios de QVRS, considerando o intervalo de confiança de 95%. Resultados: Foram incluídas 253 mulheres, com média de idade de 50,87 anos (±DP 10,62). Após ajuste por fadiga, ao associar o nível de AF pré-diagnóstico e a alteração da QVRS após quimioterapia neoadjuvante, aquelas mulheres que realizaram níveis mais altos de AF, apresentaram melhor QV global (Beta 4,06; p=0,040). Não houve diferença estatisticamente significante entre o nível de AF após a quimioterapia neoadjuvante e os domínios da QVRS. Conclusão: As pacientes que realizaram níveis mais altos de AF pré-diagnóstico apresentaram melhor QV global após quimioterapia neoadjuvante com esquema AC e não houve diferença entre os grupos ao avaliar os níveis de AF e QVRS após o esquema quimioterápico AC.