Comparação entre a origem, o perfil microbiológico e a mortalidade associada às infecções de corrente sanguínea em pacientes com tumores sólidos e neoplasias hematológicas assistidos no Hospital do Câncer I do Instituto Nacional de Câncer
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A infecção de corrente sanguínea (ICS) é uma causa importante de internação e óbito em pacientes com
neoplasias. A maioria dos estudos sobre ICS incluíram pacientes com neoplasias hematológicas (NHs)
com neutropenia febril. São raros os estudos sobre ICS em pacientes adultos com tumores sólidos (TSs).
O presente estudo teve como objetivo comparar a origem anatômica, o perfil microbiológico e a
mortalidade associada às ICSs entre os pacientes adultos com TSs e NHs assistidos no Instituto Nacional
de Câncer (INCA). Uma coorte foi realizada em um centro de referência de prevenção, diagnóstico e
tratamento de câncer no Rio de Janeiro, Brasil, de 01 outubro de 2012 a 31 de outubro de 2017. Foram
incluídos todos os episódios de ICS, o primeiro e os subsequentes, ocorridos em pacientes > 18 anos
assistidos no INCA no período do estudo. Dados epidemiológicos, clínicos e microbiológicos foram
coletados em até 30 dias após a ICS, com exceção dos casos de óbito antes desse período. Resultados:
foram descritos 1651 episódios de ICS em 1351 pacientes. Um total de 1848 microrganismos (MOs)
foram detectados. Os homens predominaram (61,44%). A maioria da população com ICS foram
pacientes com TSs (67,06%), sendo os TSs do trato-gastrointestinal e intra-abdominal os mais
frequentes (30,81%). Entre as NHs, os linfomas (14,29%) e as leucemias (12,73%) foram os mais
frequentes. A infecção hospitalar predominou entre os tipos de aquisição (54,57%). As ICSs primárias
(IPCSs) e secundárias (ISCSs) tiveram frequências similares. As IPCSs foram mais frequentes no grupo
com NHs, e o grupo com TSs foram mais propensos às ISCSs. Os bacilos Gram-negativos (BGNs)
foram predominantes (58,87%) como agentes etiológicos em nossa coorte de ICS, sendo os mais
frequentes Escherichia coli, Klebsiella spp. e Pseudomonas spp., 18,99%, 11,47% e 10%,
respectivamente. E. coli foi o agente mais detectado nos pacientes com TSs e Pseudomonas spp. em
pacientes com NHs. As ICSs por MOs multirresistentes (MRs) foram mais frequentes nos pacientes com
NHs (P < 0,01), principalmente Enterobacteriaceae resistentes aos carbapenêmicos (ERC), P.
aeruginosa resistentes aos carbapenêmicos e Candida spp. resistente ao fluconazol. Os BGNs foram os
agentes mais frequentes em todos os tipos de aquisição, sendo os cocos Gram-positivos (CGPs) mais
frequentes nas infecções comunitárias (ICs) e relacionadas à assistência à saúde (IRASs), e os fungos e
MOs MRs mais frequentes nas infecções hospitalares (IHs), com destaque para os BGNs resistentes aos
carbapenêmicos. Streptococcus spp. resistente à penicilina foi detectado predominantemente nas ICs.
Os episódios subsequentes de ICS foram associados os agentes MRs (P < 0,01). As mortalidades,
precoce e tardia, foram elevadas nos dois grupos de neoplasias (NH: 17,10 e 33,55%; TS: 26,38% e
42,39%). Contudo, surpreendentemente foi significativamente mais elevada no grupo com TSs em 7 e
30 dias (P < 0,01; P < 0,01). Nesse estudo foi observado que a descrição detalhada do perfil
microbiológico conforme os três tipos de aquisição (IH, IC e IRAS) apresentaram diferenças
significativas. Não houve variação relevante na mortalidade ao longo do estudo, quanto ao perfil
microbiológico houve emergência das ERCs.
Description
125 p.: il. color.
Citation
RODRIGUES, Daniele Eloyna Talon de Araújo. Comparação entre a origem, o perfil microbiológico e a mortalidade associada às infecções de corrente sanguínea em pacientes com tumores sólidos e neoplasias hematológicas assistidos no Hospital do Câncer I do Instituto Nacional de Câncer. 2019. Dissertação (Mestrado em Oncologia) - Instituto Nacional de Câncer, Rio de Janeiro, 2019.