Análise do microbioma cervicovaginal de mulheres HIV positivas com lesões intra-epiteliais cervicais no período pós-parto
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A microbiota cervical é um importante fator para manutenção da homeostase local e
vários estudos têm associado complicações durante a gravidez e durante o período
pós-parto com alterações na comunidade de bactérias cervicovaginais. Contudo,
apesar da importância da microbiota cervical para o controle de infecções virais e
manutenção da homeostase cervical, a sua diversidade e sua composição em
mulheres HIV-positivas no período pós-parto ainda é desconhecida. Sendo assim, o
objetivo deste trabalho foi avaliar e analisar o perfil da microbiota cervicovaginal de
mulheres HIV-positivas no período pós-parto com neoplasia intraepitelial cervical,
bem como analisar a associação das comunidades de bactérias presentes para as
famílias de vírus de DNA circular. Para tanto, o DNA total foi extraído de amostras de
esfregaço cervical de 80 mulheres HIV + e o gene bacteriano do RNA ribossomal
16S (região V3-V6) foi amplificado por PCR e sequenciado na plataforma Illumina
HiSeq 2500. Após o sequenciamento, as reads foram processadas e comparadas
com o banco de dados Greengenes usando o open source QIIME (Quantitative
Insights Into Microbial Ecology). Para a análise dos vírus de DNA circular, o DNA
circular foi enriquecido pela amplificação do círculo rolante e sequenciado no HiSeq
2500. As reads foram processadas e os contigs foram gerados por montagem de
novo e atribuídos às famílias virais utilizando BLASTX contra o banco de dados de
vírus. Identificamos na análise do 16S dois tipos de comunidades de bactérias,
denominadas de CSTs (do inglês, Community State Types) III e IV de acordo com o
tipo de bactéria dominante. A CST III (L.iners-dominante) e a CST IV (alta
diversidade) foram encontradas em 41% e 59% das amostras, respectivamente. Não
encontramos associação das CST com o período pós-parto (6 ou 12 meses), HPV
(positivo ou negativo) ou citologia (normal ou lesão). Entretanto, cinco gêneros de
bactérias foram associados a lesões cervicais (Gardnerella, Aerococcus,
Schlegelella, Moryella e Bifidobacterium), com uma razão de chance (OR, do inglês
odds ratio) significativa de 40 (2,28-706) para a presença de Moryella e 3,5 (1,36-
8,9) para Schlegelella. Foram identificadas quatro famílias virais: Anelloviridae,
Genomoviridae, Herpesviridae e Papillomaviridae. A família Papillomaviridae
apresentou alta frequência de CST IV para os tipos de HPV não-16 (33%) quando
comparada às CST III (14%). Adicionalmente, as famílias virais Herpesviridae,
Genomoviridae e Anelloviridae apresentaram uma associação significativa para a
CST IV. Deste modo, este estudo demonstra que as mulheres HIV-positivas no pós-
parto apresentam uma microbiota estável e de alta diversidade, sendo também
associada a infecções por diferentes famílias virais. Por fim, este é o primeiro estudo
a descrever o bacterioma cervical de mulheres HIV-positivas no pós-parto.
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76 f.: il. color.