Estudo das alterações citogenéticas e epigenéticas em síndrome mielodisplásica pediátrica
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A síndrome mielodisplásica (SMD) compreende um grupo heterogêneo de
neoplasias hematológicas. A etiopatologia da SMD é complexa e ainda não se sabe a
causa de seu surgimento, principalmente nos pacientes pediátricos devido a sua
raridade. Embora avanços rápidos tenham sido feitos na SMD no adulto, a genética e
epigenética da SMD pediátrica ainda são pouco compreendidas. Nesse sentido, o
objetivo deste trabalho foi caracterizar as alterações citogenéticas e epigenéticas em
pacientes pediátricos com SMD primária para verificar sua associação com o
desenvolvimento da SMD e sua evolução para LMA, buscando identificar marcadores
de diagnóstico e prognóstico. A análise citogenética foi realizada por bandeamento
GTG e FISH. O estudo de expressão dos genes DNMTs, TET2 e APOBEC3B foi
realizada por PCR quantitativa em tempo real. O perfil de metilação global através de
LINE-1 e a metilação do gene p15INK4B foram estudados por pirosequenciamento.
Nossos resultados mostraram a presença de cariótipos anormais em 55% dos 152
pacientes estudados. As alterações citogenéticas mais observadas foram a -7,
del(11)(q23) e cariótipos complexos. Pacientes apresentaram super-expressão das
DNMTS em relação aos doadores (DNMT1 (p= 0,01); DNMT3A (p = 0,02) e DNMT3B
(p= 0,01). Esse aumento de expressão esteve associado ao desenvolvimento e evolução
da SMD para LMA (DNMT1 p= 0.03, DNMT3A p= 0.02, DNMT3B p= 0.004). A
expressão de TET2 e APOBEC3B não diferiu estatisticamente entre os doadores.
APOBEC3B apresentou expressão aumentada em pacientes com cariótipo normal (p=
0,04) e apresentava expressão coodernada com DNMT3A e DNMT3B. A hipermetilação
do gene p15INK4B foi observada em 35% (15/43) dos pacientes, estando mais presente em
AREB/AREB-t (60%). Cariótipos anormais estiveram associados com a
hipermetilação em p15INK4B (p<0,006), sendo as principais alterações: -7/del7q (p<
0,003). Pacientes pediátricos apresentam hipometilação global em 97% (69/71) dos
casos. A hipometilação global esteve presente desde o estágio inicial (CRI) (p= 0,01)
até os estágios mais avançados (AREB/AREB-t) (p= 0,005) em relação aos doadores.
Pacientes com cariótipos anormais (p= 0,004) e com evolução da doença (p= 0,002)
apresentaram maior porcentagem de hipometilação global em relação aos doadores.
Nossos resultados mostraram que durante o desenvolvimento e evolução de SMD para
LMA há um desbalanço progressivo na maquinaria de metilação e desmetilação,
havendo o aumento de expressão das DNMTs e a diminuição de expressão de TET2 com
a evolução da doença. A hipometilação global esteve presente desde a fase inicial sendo
mais expressiva nos estágios mais avançados e com a evolução para LMA, enquanto a
hipermetilação em p15INK4B foi um evento mais tardio associado à progressão da SMD,
principalmente nos pacientes que apresentaram -7/del7q. Em conjunto nossos resultados
sugerem um modelo de evolução de SMD para LMA.
Description
149 p.: il. color.
Citation
LOVATEL, Viviane Lamim. Estudo das alterações citogenéticas e epigenéticas em síndrome mielodisplásica pediátrica. 2019. Tese (Doutorado em Oncologia) - Instituto Nacional de Câncer, Rio de Janeiro, 2019.