Ertapenem subcutâneo versus intravenoso para o tratamento de infecções urinárias em pacientes em cuidados paliativos oncológicos: um ensaio clínico randomizado, aberto, de não inferioridade
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Introdução: os pacientes em cuidados paliativos oncológicos têm elevada
suscetibilidade às infecções. É comum que cheguem a essa fase do seguimento sem
as vias convencionais de hidratação e nutrição, necessitando de uma via alternativa
para o suporte clínico. Poucos estudos avaliaram o uso da via subcutânea para a
administração de antimicrobianos, sendo esses estudos majoritariamente
observacionais e com objetivos farmacológicos. O objetivo foi comparar a cura
microbiológica do ertapenem pela via intravenosa e pela via subcutânea para o
tratamento das ITU (infecção do trato urinário). Método: ensaio clínico de não
inferioridade, randomizado e aberto, realizado em pacientes em cuidados paliativos
oncológicos internados no Hospital do Câncer IV do Instituto Nacional de Câncer,
entre abril de 2017 e fevereiro de 2021. Pacientes adultos com ITU foram
randomizados para receber ertapenem intravenoso ou subcutâneo. O limite de não
inferioridade foi estabelecido em 10%. Resultados: o total de 29 pacientes foi
recrutado e alocado nos dois subgrupos, sendo 13 no subgrupo controle ativo e 16 no
subgrupo intervenção. Quatro perdas de seguimento foram registradas, com igual
distribuição entre os subgrupos. As variáveis demográficas e clínicas foram similares
entre os grupos de comparação. O sexo mais frequente foi o feminino (69%) e a
mediana de idade foi 55 anos. Dentre os 29 pacientes, 17% apresentavam diabetes
mellitus; 62% usavam corticosteroide no início do tratamento; 52% tiveram ITU nos
últimos três meses; 48% tinham algum dispositivo invasivo no trato urinário ao início
do tratamento; 45% apresentavam PaPScore A; e 90% tinham KPS menor ou igual a
40%. A maioria dos pacientes (76%) incluídos apresentaram infecção baixa e 72%
infecção complicada. Escherichia coli foi a bactéria mais frequentemente detectada
em ambos os subgrupos. As análises uni e multivariada não demonstraram fatores
determinantes para a cura microbiológica. A cura microbiológica foi 85% e 100% no
subgrupo controle ativo e 81% e 93% no subgrupo intervenção, com diferença de risco
de -3,4% (-30,8-24,0) e -7,1% (-20,6-6,3) nas avaliações intenção de tratamento e
protocolar, respectivamente. Os eventos adversos foram mais comuns no subgrupo
intervenção. Entretanto, não foram observados efeitos adversos locais graves
relacionados à infusão do antibiótico em ambos os subgrupos, sendo a ardência a
queixa mais comum. Conclusão: apesar da taxa de recrutamento abaixo do
inicialmente calculado, foi observada uma elevada taxa de cura microbiológica entre
os pacientes que usaram o ertapenem pela via subcutânea, sugerindo eficácia dessa
via para o tratamento das ITU em pacientes em cuidados paliativos oncológicos. A
tolerabilidade local apresentada também confirma a possibilidade dessa via alternativa
para o uso de ertapenem.
Description
116 p.: il. color e p&b.
Citation
RODRIGUES, Luciana de Oliveira Ramadas. Ertapenem subcutâneo versus intravenoso para o tratamento de infecções urinárias em pacientes em cuidados paliativos oncológicos: um ensaio clínico randomizado, aberto, de não inferioridade. 2022. Tese (Doutorado em Oncologia) - Instituto Nacional de Câncer, Rio de Janeiro, 2022.