Câncer de mama triplo-negativo: Avaliação de fatores clínicos e biomarcadores tumorais
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O câncer de mama triplo negativo é amplamente conhecido por se tratar de uma doença
com comportamento biológico e clínico heterogêneos. Diferentes subclassificações moleculares já são
propostas baseadas em biomarcadores específicos pelo perfil de imunohistoquímica (IHQ) no tumor e
no microambiente tumoral. Objetivo: Avaliar a influência de fatores sociodemográficos e
clinicopatológicos de IHQ (LITs, CD8+, RA, PD-L1, PD-1, PD-L2, FOXP3, CD4, CD3, CD 56, CD68, CK
14, CK 17, CD 117, níveis de Ki67 e p53) na predição de resposta clínica a quimioterapia neoadjuvante
assim como nos desfechos de sobrevida. Material e métodos: Coorte retrospectiva envolvendo toda
população de mulheres com CMTN localmente avançado, matriculadas no INCA entre 2010 e 2014,
que iniciaram quimioterapia neoadjuvante e que foram submetidas à abordagem cirúrgica curativa.
Resultados: 235 mulheres foram avaliadas no artigo 1. O tempo mediano de seguimento foi de 64,3
meses. A maioria das pacientes apresentava estadio clínico avançado (III: 85,1%; cT3/T4: 86,4%; cN1-
3: 74,4%) e tumores de alto grau (72,1%). O estadiamento clínico (III versus II, hazard ratio [HR]
ajustado = 2,95, p = 0,012) influenciou significativamente a taxa de resposta patológica completa (RPC).
A ingestão de álcool influenciou negativamente a sobrevida livre de eventos (SLE, HR ajustado = 1,67,
p = 0,006) e a sobrevida global (SG, HR ajustado = 1,89, p = 0,005). Mulheres com RPC apresentaram
melhor SLE (HR bruto = 0,15, p < 0,001) e SG (HR bruto = 0,12, p < 0,001) em comparação com nãoRPC. Nos artigos 2 e 3, foram avaliados 171 casos (para 64 casos, não foi possível recuperar o material
patológico). Pacientes com carga residual de câncer (RCB) 0-1 corresponderam a 28,7% dos casos e
as com razão linfonodal (LNR) de baixo risco representaram 77,2%. A alta expressão de Ki67 mostrou
correlação significativa apenas com tumores de grau 3 (p = 0,0157). A prevalência de marcadores
tumorais de imunohistoquímica (IHQ) na core biópsia foi bastante variável e nenhum deles impactou
significativamente desfechos de resposta ou sobrevida. Neste ponto, em relação à análise de SLE e
SG, estadio clínico (p = 0,014 e p = 0,042, respectivamente), RCB (p < 0,0001 e p < 0,0001,
respectivamente) e LNR (p < 0,0001 e p < 0,0001, respectivamente) mostraram associação
significativa. Nenhum dos marcadores imunes de IHQ na core biópsia mostrou uma associação
significativa com SLE ou SG. Na avaliação de marcadores dos tumores residuais dos 134 pacientes
com amostra disponível, os pacientes com alta expressão de CD14 tiveram SLE significativamente
mais curta (p = 0,015), enquanto os pacientes com alta expressão dos marcadores CD3 (p = 0,025),
CD8 (p = 0,030), FOXP3 (p = 0,005), altas proporções CD4/FOXP3 (p = 0,034) e CD8/FOXP3 (p =
0,008), foram associados com SLE. Apenas a alta expressão de CD4 foi associada com o desfecho
de SG (p = 0,038). Conclusão: O estágio clínico III foi associado a menor taxa de resposta e pior
sobrevida. A ingestão de álcool, pCR e RCB mostraram influência estatisticamente significativa com os
desfechos de sobrevida. Nenhum dos marcadores tumorais ou de microambiente tumoral avaliados por
IHQ na core biópsia mostrou associação significativa com desfechos de resposta ou sobrevida. O painel
de marcadores imunes em tumores residuais na peça cirúrgica pode ser um fator determinante no
prognóstico de pacientes com CMTN.
Description
198 p.: il. color.
Citation
SILVA, Jesse Lopes da. Câncer de mama triplo-negativo: Avaliação de fatores clínicos e biomarcadores tumorais. 2021. Tese (Doutorado em Oncologia) - Instituto Nacional de Câncer, Rio de Janeiro, 2021.