Prevalência das mutações em genes de predisposição ao melanoma hereditário nos pacientes do INCA
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Introdução: O melanoma é considerado o câncer de pele mais letal com incidência crescente
nas últimas décadas. Cerca de 10% dos casos são classificados como melanoma hereditário
(MH). A predisposição genética geralmente se manifesta como idade de início precoce e
múltiplos melanomas cutâneos. Diversos genes estão envolvidos na suscetibilidade ao
melanoma. CDKN2A, o principal, e CDK4 foram os primeiros genes de alto risco descobertos.
Além do melanoma, as famílias também são mais propensas a desenvolver outros tumores,
como o câncer de pâncreas. A identificação de famílias de risco e genes envolvidos é de grande
importância, uma vez que são recomendadas diferentes formas de vigilância oncológica.
Objetivos: Identificar a prevalência das mutações germinativas em CDKN2A e CDK4 em
pacientes do INCA com critérios clínicos para MH. Descrever as características fenotípicas e
histopatológicas.
Materiais e métodos: O desenho de estudo foi observacional descritivo transversal. Foram
incluídos 69 pacientes de acordo com os critérios clínicos para MH. Todos foram encaminhados
para aconselhamento genético e coleta de amostras de sangue periférico. Para análise
mutacional dos genes, utilizou-se amplificação por reação em cadeia da polimerase (PCR)
seguida de sequenciamento genômico. As variantes encontradas foram classificadas de acordo
com sua patogenicidade utilizando os critérios da American College of Medical Genetics
(ACMG).
Resultados: Foram recrutados 30 homens (43,5%) e 39 mulheres (56,5%) e a idade média do
primeiro diagnóstico de melanoma foi de 44,8 anos (DP±17,83). A maior parte dos pacientes
apresentou fototipo II (44,9%), mais do que 50 nevos melanocíticos (76,8%), síndrome do nevo
atípico (72,5%), história de queimadura solar (76,8%) e múltiplos melanomas primários sem
história familiar desse tumor (74,3%). Foram observados 200 melanomas. A maioria dos
tumores teve índice de Breslow ≤ 1,0 mm (84,5%), localização no tronco (60,5%) e subtipo
histológico extensivo superficial (22,5%). Foram encontradas 4 variantes nos éxons de
CDKN2A em 7 pacientes (c.305C>A, c.26T>A, c.361G>A e c.442G>A), 2 variantes na região
5’UTR em 5 pacientes (c.-25C>T e c.-33G>C) e 2 variantes na região 3’UTR em 21 pacientes
(c.*29C>G e c.*69C>T). Apenas uma variante provavelmente patogênica (c.305C>A) foi
identificada em um paciente (1,4%). Não foi encontrada nenhuma variante em CDK4.
Discussão: Este é o primeiro estudo sobre MH realizado no INCA e no Rio de Janeiro. No
Brasil, é a maior coorte unicêntrica de pacientes com critérios clínicos para MH submetida à
pesquisa de variantes nos genes CDKN2A e CDK4. A baixa prevalência de mutações pode ser
devida a algumas limitações deste estudo. Existem outros genes de alto risco para MH que não
foram avaliados e a técnica utilizada para a pesquisa das variantes (sequenciamento) não
contempla todas as possibilidades de alterações. É possível que a predisposição ao melanoma
na população do estudo seja proveniente da interação entre os fatores ambientais e as
características fenotípicas de risco. Os achados são compatíveis com os dados brasileiros
publicados, os quais também revelam baixa prevalência de variantes patogênicas (0-15,3%).
Conclusão: A prevalência de mutações no gene CDKN2A foi de 1,4% na população de
pacientes do INCA que preenchem os critérios clínicos para MH.
Description
79 p.: il. color.
Citation
ARNAUT, Joyce Ribeiro Moura Brasil. Prevalência das mutações em genes de predisposição ao melanoma hereditário nos pacientes do INCA. 2022. Dissertação (Mestrado em Oncologia) - Instituto Nacional de Câncer, Rio de Janeiro, 2022.