Cigarro eletrônico: representações sociais entre os seus consumidores
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Cigarros eletrônicos (CE) são dispositivos com bateria que aquecem um líquido contendo nicotina e
solventes para produzir o vapor inalado pelos usuários. Não geram alcatrão nem monóxido de
carbono e as propagandas os promovem como alternativas seguras ao cigarro convencional (CC) e
como ajuda para deixar de fumar. A premissa de que as pessoas fumam pela nicotina, mas morrem
pelo alcatrão do CC reacendeu debates sobre redução de danos em tabagismo por meio da substituição
do CC por produtos de tabaco não comburentes. Apesar de não ser inócuo, do conhecimento
limitado sobre seus efeitos no longo prazo e do seu potencial para estimular jovens a começarem a
fumar, cresce no mundo a discussão sobre o uso do CE para redução de danos à saúde. Alguns países
liberaram o seu comércio, enquanto outros impuseram medidas restritivas. No Brasil, desde 2009, o
ambiente regulatório funciona como uma proibição ao seu comércio, mas pesquisas apontam para o
uso crescente do produto em algumas cidades brasileiras.
Com objetivo de compreender as motivações e experiências com o uso de CE, foi realizada pesquisa
qualitativa, fundamentada na Teoria das Representações Sociais. Entrevistamos dez usuários ou ex-
usuários de CE, residentes no Rio de Janeiro, todos fumantes ou ex-fumantes de CC.
As Representações Sociais (RS) hegemônicas motivadoras do uso foram: o CE oferece menor risco do
que o CC; o CE como uma ajuda para deixar de fumar e poder ser usado sem incomodar terceiros.
Ancoradas na rede de significados sobre seu próprio tabagismo, essas RS coincidem com as
mensagens do mercado para tornar o CE um produto familiar nesse grupo social. A Internet, viagens
internacionais e pessoas próximas dos entrevistados, preocupadas com o seu tabagismo, foram os
principais meios de conhecimento e aquisição do CE. Os entrevistados manifestaram preocupações
com origem e qualidade dos produtos. Algumas experiências na substituição do CC por CE foram
bem-sucedidas, enquanto outras, não. Barreiras no acesso ao produto dificultaram o uso regular,
levando à recaída no uso de CC. O uso dual (CC e CE, simultaneamente) se mostrou associado à
preocupação em poupar estoques de CE adquiridos fora do país. A obtenção de suporte de fórum
virtual de vapers, para aprender a usar CE, sugere que usuários brasileiros estão entrando na ―cultura
vaping‖ global, impulsionada por redes sociais que facilitam troca de experiências e apoio
mútuo nesse consumo. Esses achados podem subsidiar futuras pesquisas sobre o tema, assim como
abordagens da política nacional de controle do tabaco, especialmente nas suas medidas de
comunicação, cessação de fumar e regulamentação de produtos de tabaco.
Description
364 p.: il. color.
Citation
CAVALCANTE, Tânia Maria. Cigarro eletrônico: representações sociais entre os seus consumidores. 2018. Tese (Doutorado em Oncologia) - Instituto Nacional de Câncer, Rio de Janeiro, 2018.