Alterações moleculares em grupos especiais de leucemias mieloides agudas pediátricas
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Introdução. Os eventos genéticos mais frequentes associados com o desenvolvimento das
leucemias mieloides agudas pediátricas (LMA-p) incluem as alterações tipo I (nos genes
FLT3, KIT, NRAS, KRAS e PTPN11) e tipo II (RUNX1-RUNX1T1, CBF-MYH11, PML-RAR
e rearranjos do KMT2A [KMT2A-r]). Entretanto, alterações genéticas raras (<5% dos casos),
representadas pelas fusões gênicas DEK-NUP214, MYST3-CREBBP, RBM15-MKL1,
CBFA2T3-GLIS2 e os rearranjos do gene NUP98 (NUP98-r), demandam investigação em
série de casos para caracterização da frequência e associação clínica dessas
anormalidades. Nossos objetivos foram caracterizar as LMA-p de acordo com as alterações
moleculares e testar as associações de risco com a sobrevida global; descrever o perfil
genômico do subtipo PML-RAR e as variantes germinativas possivelmente envolvidas na
leucemogênese. Material e métodos. Foi analisada uma coorte de 788 casos de LMA-p (de
novo) com idade <19 anos (2000-2017). As regiões gênicas hotspots de mutações em
genes da via de sinalização MAPK (FLT3, NRAS, KRAS, PTPN11 e KIT) foram analisadas
por PCR/sequenciamento de Sanger. As fusões gênicas associadas à LMA (KMT2A-r,
RUNX1-RUNX1T1, CBFβ-MYH11, PML-RARα, NUP98-r, CBFA2T3-GLIS2, MYST3-
CREBBP e RBM15-MKL1) foram identificadas por RT-PCR/FISH. As análises estatísticas
foram realizadas com os testes de qui-quadrado, exato de Fisher e Mann-Whitney U. As
probabilidades de sobrevida global (pSG) em 5 anos foram comparadas usando o teste de
log-rank e curvas de Kaplan-Meier. Os pacientes foram tratados segundo as diretrizes do
protocolo BFM-AML2004, não incluídos em estudos clínicos. Foi realizado o
sequenciamento do exoma nas amostras de DNA de um paciente com PML-RARα e de seu
irmão gemelar sem doença. Resultados. As alterações tipo I e II foram identificadas em
55% e 46,4% dos casos, respectivamente. A frequência das mutações tipo I foi maior nas
faixas etárias superiores (12,6% nos casos com idade ≤2 anos, 39,5% nos casos entre 2-10
anos e 47,9% nos casos ≥11 anos de idade). CBFβ-MYH11 conferiu maior pSG que os
casos sem essa alteração (71,5±10,9% e 30,9±3,5%, respectivamente). Por outro lado,
casos apresentando mutações em PTPN11 apresentaram pSG mais baixa que os casos
sem essas mutações (13,0±8,4% e 33,7±4,2%, respectivamente). NUP98-r foram
identificados em 2,8% da coorte e nenhum dos casos analisados apresentou DEK-NUP214.
Entre os pacientes com idade ≤2 anos, as alterações MYST3-CREBBP, RBM15-MKL1,
NUP98-r e CBFA2T3-GLIS2 foram identificadas em 1,7%, 1,1%, 3,9% e 0,6%,
respectivamente. Na análise pareada dos exomas da amostra tumoral do paciente com
PML-RARα e a amostra do seu irmão sem doença, foram identificadas 5911 variantes,
sendo 75,5% representadas por SNVs (variações de nucleotídeo único). Vinte porcento das
variantes apresentaram impacto deletério para a proteína. Na análise sítio-dirigida para 116
genes associados a predisposição genética ou a etiopatogênese das LMAs, 46 genes
apresentaram variantes nas amostras sequenciadas. Conclusões. A caracterização dos
subgrupos genéticos de LMA contribui para a identificação de marcadores moleculares de
valor preditivo de sobrevida. Uma análise exploratória do sequenciamento do exoma precisa
ser realizada para a identificação de eventos leucemogênicos.
Description
207 p.: il. color.
Citation
ANDRADE, Francianne Gomes. Alterações moleculares em grupos especiais de leucemias mieloides agudas pediátricas. 2018. Tese (Doutorado em Oncologia) - Instituto Nacional de Câncer, Rio de Janeiro, 2018.