Composição corporal e toxidade à quimioterapia de primeira linha com carboplatina e paclitaxel em mulheres com adenocarcinoma de ovário
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Introdução: A quimioterapia de primeira linha para o tratamento do câncer de ovário provoca
diversos efeitos tóxicos, que estão intimamente relacionados com a composição corporal
apresentada no início do tratamento. Entretanto, estudos que associem a composição corporal com
a toxicidade ao tratamento quimioterápico, considerando especialmente o efeito das interações
medicamentosas em pacientes com câncer de ovário, permanecem ausentes na literatura. O
objetivo do presente trabalho foi avaliar a associação da composição corporal com a toxicidade à
quimioterapia de primeira linha com carboplatina e paclitaxel em mulheres com adenocarcinoma
de ovário. Métodos: Tratou-se de um estudo de coorte retrospectiva, que incluiu 170 mulheres
com adenocarcinoma de ovário, tratadas com carboplatina e paclitaxel entre janeiro de 2008 e
dezembro de 2017. O exame de tomografia computadorizada (TC) pré-tratamento foi utilizado
para quantificar os tecidos muscular e adiposo. Os parâmetros avaliados por TC foram: miopenia,
pelo índice de músculo esquelético (IME) <38,9 cm2/m2; qualidade muscular, pela média da
atenuação muscular (MAM) e pelo índice de músculo esquelético de alta radiodensidade
(IMEAR), ambos <percentil 75 (<p75); e tecido adiposo, avaliado pelos índices de tecido adiposo
subcutâneo (ITASC) e índice de tecido adiposo intramuscular (ITAIM) <p75. Os desfechos do
estudo foram a toxicidade > grau 3 e o manejo terapêutico por toxicidade farmacológica (MTTF),
esta última definida como qualquer redução de dose (temporária ou permanente) > 7 dias,
suspensão de algum quimioterápico e/ou descontinuação permanente por toxicidade. Modelos de
regressão logística múltipla foram construídos, com ajuste para idade > 65 anos, performance
status, Índice de Comorbidade de Charlson, número de ciclos de quimioterapia realizados,
prescrição de anticoagulantes e antieméticos, além da presença de interação medicamentosa
moderada/grave, alteração e redução de dose do protocolo no primeiro ciclo. Para todas as
análises, adotou-se o nível de significância de 5%. Resultados: A média de idade foi de 56,8 anos
e 36,5% das mulheres apresentavam miopenia previamente ao tratamento. Mais de 38,0%
apresentaram MTTF e 43,5% apresentaram alguma toxicidade > grau 3. Não foi observada
nenhuma associação entre as intercorrências do tratamento e a presença de miopenia. Cerca de
17,0% e 14,0% das pacientes atrasaram e interromperam o tratamento por toxicidade,
respectivamente. As toxicidades mais frequentes foram: náuseas (69,4%), anemia (61,2%),
leucopenia (56,5%), neutropenia (50,0%) e astenia (49,4%). Interação moderada/grave ocorreu em
4,1% das pacientes. Quanto aos parâmetros de tecido adiposo, os ITASC e ITAIM, quando <p75,
foram preditores de toxicidade grau > 3. O IMEAR foi o único parâmetro muscular preditor
independente deste desfecho (OR 2,526; IC 1,083–5,891; p=0,03). Entretanto, nenhum parâmetro
de composição corporal foi capaz de predizer o MTTF. Conclusão: O perfil de composição
corporal pré-tratamento, incluindo tanto o tecido muscular quanto o adiposo, foi capaz de predizer
o desfecho de toxicidade > grau 3 à quimioterapia em mulheres com câncer de ovário e, portanto,
deve ser considerado no tratamento antitumoral destas pacientes.
Description
140 p.: il. p&b.
Citation
BRUNO, Karine de Aguiar. Composição corporal e toxidade à quimioterapia de primeira linha com carboplatina e paclitaxel em mulheres com adenocarcinoma de ovário. 2019. Dissertação (Mestrado em Oncologia) - Instituto Nacional de Câncer, Rio de Janeiro, 2019.