Avaliação muscular diafragmática, medida por ultrassonografia, em pacientes oncológicos críticos durante o teste de respiração espontânea

Abstract

Introdução: Até 65% dos pacientes oncológicos admitidos em Unidades de Terapia Intensiva (UTI) necessitam de algum tipo de suporte ventilatório. Uma vez que o paciente supere a condição nociva que motivou a intubação, o desmame e a desconexão da ventilação mecânica devem ser considerados, portanto é recomendada a realização do Teste de Respiração Espontânea (TRE). Uma causa frequente de falha no desmame ventilatório e na extubação é a disfunção diafragmática (DD). Além do prejuízo na função diafragmática relacionado a doença crítica, pacientes oncológicos são mais suscetíveis à perda muscular generalizada, inclusive de musculatura respiratória. A ultrassonografia diafragmática tem sido considerada como complementar na predição do sucesso do desmame ventilatório, por permitir avaliação de forma objetiva da função diafragmática. Não encontramos na literatura até o momento, dados a respeito da função diafragmática de pacientes oncológicos críticos em desmame ventilatório. Objetivo: Avaliar a função diafragmática durante a realização do teste de respiração espontânea (TRE) em pacientes oncológicos por meio da ultrassonografia. Metodologia: Trata-se de um estudo transversal, realizado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) adulto do Hospital do Câncer I, do Instituto Nacional de Câncer (INCA), entre agosto e novembro de 2023, em pacientes oncológicos internados na unidade e em desmame da ventilação mecânica invasiva por tubo orotraqueal. Durante a realização do TRE em peça T. Estes pacientes foram submetidos a avaliação ultrasonográfica do diafragma. Foram incluídos 12 participantes, e coletados dados sociodemográficos e clínicos. Resultados: Encontramos valores para mediana da espessura diafragmática na inspiração (Tdi-ins) de 0,15 cm e na expiração (Tdi-ex) 0,12 cm, com relação a fração de espessamento (FE) diafragmática, a média foi de 21,5% e para a excursão diafragmática (ED), a mediana foi de 1,55 cm. Conclusão: Os valores de FE indicados na literatura como preditivos positivos para desmame ventilatório parecem não ser representativos para a população oncológica, pois a população do presente estudo apresentou valores de FE inferiores aos publicados. A mobilidade diafragmática da presente população, por outro lado, não foi diferente dos valores indicados para a população crítica em geral. A partir dos dados encontrados no presente trabalho, é possível sugerir que a população oncológica não é contemplada com os valores de função diafragmática indicados como preditivos positivos para desmame ventilatório na literatura atual.