Disparidades raciais no diagnóstico e no tratamento do câncer de pulmão: uma análise das iniquidades em saúde e dos impactos do racismo estrutural nos desfechos oncológicos
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O câncer de pulmão é uma das principais causas de morbidade e mortalidade no
Brasil e no mundo, configurando um grave problema de saúde pública. A Organização
Mundial da Saúde reconhece o racismo como um fator estrutural que contribui para
desigualdades sociais e impacta diretamente as condições de saúde. Este estudo teve
como objetivo avaliar a associação entre cor da pele/raça e a sobrevida de pacientes
com câncer de pulmão não pequenas células. Trata-se de uma coorte retrospectiva,
composta por 8.295 pacientes tratados entre 2000 e 2020 em um centro de alta
complexidade em oncologia no Rio de Janeiro. Embora a análise de sobrevida não
tenha demonstrado significância estatística em relação à cor da pele, observou-se que
pacientes não brancos apresentaram maior probabilidade de diagnóstico em estadios
avançados (III e IV), além de menor proporção de acesso a tratamentos direcionados
ao tumor. Barreiras econômicas, sociais e institucionais podem ter contribuído para
menor adesão terapêutica e comprometimento na qualidade do cuidado. As condições
desiguais de tratamento, somadas aos estigmas raciais, impactaram negativamente o
prognóstico desses pacientes. Os achados reforçam a urgência da implementação de
políticas antirracistas no Sistema Único de Saúde, visando promover o acesso
equitativo ao cuidado oncológico. O enfrentamento das iniquidades raciais exige
ações estruturais que integrem estratégias intersetoriais, educação em saúde e o
fortalecimento da Política Nacional de Saúde Integral da População Negra.