Estudo citogenético-molecular do linfoma de Burkitt em crianças e adolescentes: mutações dos genes ID3, TCF3 e CCND3 e alterações cromossômicas secundárias
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O Linfoma de Burkitt (LB) é um linfoma de alto grau de células-B maduras, sendo a
leucemia linfoblástica aguda L3 (LLA-L3), sua contraparte leucêmica (em conjunto
L/LB). A marca genética desta doença é o rearranjo entre o oncogene MYC com genes
da imunoglobulina. Além do LDH alto, doença avançada e idade, as anormalidades
cromossômicas adicionais vêm sendo discutidas como potenciais marcadores de
prognóstico clínico desfavorável. Estudos mostraram que aproximadamente 70% dos
pacientes com L/LB podem apresentar mutações nos genes ID3, TCF3 e CCND3. Logo,
estudos incluindo séries de pacientes com outras situações epidemiológicas vem sendo
encorajados, já que ainda não está bem definido como estão estas mutações em grupos
etários distintos. A partir dessas premissas, nosso objetivo foi avaliar as frequências e
tipo de alterações genéticas, a nível cromossômico e gênico em crianças e adolescentes
com L/LB associados ou não ao vírus Epstein-Barr (EBV) na nossa população. Para
isso, caracterizamos cito-molecularmente anormalidades cromossômicas secundárias
encontradas em aspirado de medula óssea de pacientes com LLA-L3 e em tumores
fixados e impregnados em parafina (FFPE) no LB, estudamos a frequência do vírus
EBV e sua associação com variáveis clínico-biológicas e finalmente estudamos as
mutações dos genes ID3, TCF3 e CCND3. Nesse estudo, foi possível caracterizar com
precisão as anormalidades cromossômicas secundárias de 4 pacientes, observando-se
um padrão cariotípico com anormalidades secundárias no LB, onde parecem prevalecer
as trissomias estruturais parciais. A condição de rearranjo do IGH/MYC e de
anormalidades envolvendo os cromossomos 1 e 13 foi estudada em 32 pacientes, dos
quais 80% apresentaram o rearranjo IGH/MYC. Em 79% dos pacientes cujos tumores
FFPE foram estudados por FISH foram encontradas alterações cromossômicas
secundárias envolvendo os cromossomos 1 e 13. O EBV foi detectado em 52% (26/52)
dos tumores das crianças e adolescentes, porém não houve nenhuma associação com
dados clínicos de apresentação e desfecho da doença. Com relação às mutações,
encontramos 67% de mutações patogênicas no gene ID3, 18% no gene TCF3 e 26% no
gene CCND3. A presença de mutações no gene ID3 refletiu significativamente nas
sobrevidas global e livre de doença (p<0,05) em toda a coorte e essa observação foi uma
tendência também no grupo pediátrico. Em suma, neste trabalho foi caracterizado
citogenetica e molecularmente um grupo de pacientes com L/LB e foi realizada a
primeira descrição da frequência e impacto clínico de mutações em genes envolvidos na
patogênese da doença em pacientes brasileiros.
Description
156 p.: il. color. e p&b.
Citation
BIZARRO, Mariana Tavares de Souza Monteiro. Estudo citogenético-molecular do linfoma de Burkitt em crianças e adolescentes: mutações dos genes ID3, TCF3 e CCND3 e alterações cromossômicas secundárias. 2019. Tese (Doutorado em Oncologia) - Instituto Nacional de Câncer, Rio de Janeiro, 2019.