Características genotípicas do papilomavirus humano nas lesões intraepiteliais de alto grau e no câncer do colo do útero em mulheres atendidas em centros de referência oncológica do estado de Pernambuco

Abstract

Introdução: O câncer do colo do útero é o quarto câncer mais comum em mulheres no mundo. No Brasil, ocupa a terceira posição e, no Nordeste, corresponde ao segundo tipo mais incidente. O Papilomavirus Humano (HPV) é o fator etiológico mais importante para o desenvolvimento do câncer do colo do útero. As linhagens do HPV dos tipos oncogênicos (especialmente o HPV 16) têm demonstrado potenciais carcinogênicos distintos. Objetivo: Este estudo teve por objetivo analisar as características genotípicas do HPV encontrado nas lesões intraepiteliais de alto grau (LIAG) e no câncer do colo do útero (CCU) bem como descrever as características clínicas e epidemiológicas de mulheres atendidas em centros de referência para tratamento oncológico do estado de Pernambuco. Material e Métodos: Estudo epidemiológico observacional transversal de base hospitalar onde foi aplicado um questionário para a coleta de dados epidemiológicos através de entrevista face a face com as pacientes atendidas em ambulatórios de patologia cervical com LIAG ou com CCU. A biópsia foi realizada para confirmar o tipo histológico de lesão e para o estudo molecular do HPV. O material biológico foi processado para isolamento do DNA do HPV, amplificado por técnicas de PCR e purificado para sequenciamento do DNA. As sequências foram comparadas às sequências identificadas nos bancos de dados de bibliotecas virtuais para classificação do tipo de HPV e sua linhagem. Análises estatísticas foram realizadas para avaliar as diferenças epidemiológicas entre as populações, bem como, a diferença de frequência das linhagens do HPV16 entre os dois grupos. Resultados: Foram realizadas 631 entrevistas e 440 coletas de material biológico. O HPV 16 foi o mais encontrado tanto no grupo do CCU (60,7%) quanto de LIAG (53,9%). O HPV 18 foi o segundo mais frequente nas mulheres com CCU (9,5%). No entanto, nas mulheres com LIAG a infecção por este tipo de HPV ocupou apenas a oitava posição (1,5%). No grupo das mulheres com LIAG, o HPV35 e o HPV58 ocuparam a segunda posição em frequência (7,7%, cada). A linhagem A do HPV-16 foi a mais frequente em ambos os grupos, identificada em 76,3% dos casos. As linhagens B e C em 6,8% e a linhagem D, em 16,9%. No CCU, a linhagem A foi identificada em 62,0%, as linhagens B e C em 5,1% e a linhagem D, em 32,9%. A linhagem D foi mais frequente nas mulheres com CCU do que nas mulheres com LIAG apresentando diferença estatisticamente significativa entre os grupos (p<0,05). Conclusões: O HPV16 é o genótipo mais prevalente em ambos os grupos. A linhagem A do HPV16 foi a mais prevalente em ambos os grupos. A linhagem D do HPV16 foi encontrada com maior frequência no grupo com CCU quando comparada com o grupo com LIAG, podendo estar relacionada a um maior potencial carcinogênico.