Comunicação médico-paciente e o exercício da autonomia no tratamento oncológico: Bases e perspectivas para um cuidado centrado no paciente

Abstract

Levando em conta os estigmas do câncer, os desafios impostos pelo tratamento oncológico, a construção do modelo hegemônico da biomedicina e os dilemas éticos frente à complexidade das relações, foi realizada uma revisão bibliográfica acerca da comunicação médico-paciente articulada à autonomia do paciente no curso do tratamento, desde o diagnóstico até seu desfecho. Destaca-se neste trabalho a importância de se estabelecer uma comunicação eficaz, onde pacientes e médicos possam estabelecer um vínculo positivo, que fortaleça a relação, auxiliando no enfrentamento das adversidades que possam surgir. Enfatizamos neste trabalho os dilemas acerca das informações prestadas, a influência dos diferentes estilos de comunicação do médico no exercício da autonomia do paciente, os fatores culturais que interferem na comunicação médico-paciente-família e na autonomia do paciente e o envolvimento da família nesta rede de relações. Os aspectos bioéticos são considerados relevantes para uma postura moral, reflexiva e empática por parte dos profissionais, sem a qual não se pode alcançar um modelo de atenção que tenha o paciente como principal foco do cuidado. O modelo de cuidado centrado no paciente surge como uma perspectiva de atenção em saúde que preconiza uma comunicação de excelência conjugada ao respeito dos desejos, princípios e valores do paciente, ao conhecimento médico e às expectativas de ambos. Nesta perspectiva de cuidado é dado grande valor à participação da equipe multiprofissional, permitindo a integralidade e um olhar menos tendencioso, além de favorecer a adesão ao tratamento, a redução de conflitos e melhorar a qualidade de vida de pacientes e profissionais, sem ônus para os serviços de saúde. Temos como principal resultado deste trabalho a compreensão de que não é possível se aplicar condutas previamente estabelecidas devido a complexidade das relações e a singularidade de cada encontro.

Its now generally agreed that in practice of cancer medicine the ethical principles and the rapid advance in the basic sciences and parallel developments in medical technology imposed major obstacles in the communication between patients, proxies, and physicians. Proper doctor-patient communication is a basic element of a normal diagnosis, therapy and rehabilitation process. In cancer care, clinical recommendations concerning decision-making have reflected the broader field of research and ethics in focusing on the allocation of influence between doctor and patient and on the need to promote patients’ influence. Patients should play an active role in decisions about their medical care. Their right to do so is based on the ethical principle of respect for the autonomy of the individual. As oncologic care is increasingly multidisciplinary organized, involving short-term relations with multiple caregivers affect the extent to which patients feel cared for, respected, and involved. Information and other forms of support can influence a range of cancer care outcomes both positively and negatively, impacting on treatment adherence, patient anxiety and depression, and patient satisfaction. This paper reports data on the contemporary practical challenges of communication, disclosure and patient autonomy faced by professionals in providing cancer care.