Hipertensão Arterial Sistêmica: Interferência de sua abordagem terapêutica para o tratamento do paciente oncológico internado

Abstract

Introdução: O desenvolvimento da tecnologia e os avanços na área da saúde aumentaram a expectativa de vida da população. O envelhecimento populacional associado as condições de estresse da vida moderna têm acarretado um proporcional crescimento na ocorrência de doenças crônicas dentre as quais podemos citar a hipertensão arterial sistêmica (HAS). O tratamento e consequente desfecho clínico de muitas condições patológicas, como o câncer, podem ser influenciados por alterações fisiológicas geradas pelas doenças pré-existentes do paciente. De acordo com dados do Ministério da Saúde, cerca de 25 % da população de brasileiros apresentavam HAS no ano de 2013. Por outro lado, o Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA) estima a existência de 576.580 novos casos de câncer, entre os brasileiros em 2014. Diversos trabalhos têm mostrado que o adequado tratamento das comorbidades influencia diretamente a sobrevida e qualidade de vida do paciente oncológico. Objetivo: Analisar a abordagem terapêutica da hipertensão arterial durante o período de internação do paciente oncológico, avaliando suas possíveis consequências clínicas. Metodologia: Estudo retrospectivo descritivo, de caráter quantitativo e qualitativo, realizado com pacientes internadas na Clínica Ginecológica do Instituto Nacional de Câncer no período de julho, agosto e setembro de 2013. Coleta de dados foi realizada através de formulários padronizados do INCA utilizados pelas equipes de Enfermagem e Farmácia; do prontuário eletrônico (Alert®); do prontuário físico; e das prescrições médicas geradas durante o período de internação. Resultados: Foi alta a prevalência de HAS entre as pacientes (47,9%). Houve divergência entre enfermeiros, farmacêuticos e médicos na identificação da presença de HAS nas pacientes internadas. O processo de Reconciliação Medicamentosa foi extremamente importante para identificar as discrepâncias entre os medicamentos prescritos e os utilizados pelas pacientes antes da internação. A prescrição de medicamentos para uso SOS foi alta mesmo em pacientes não hipertensas (50,7%). O cancelamento de cirurgias foi maior nas pacientes hipertensas (22,8% contra 10,1% das que não tinham HAS). Conclusão: O presente estudo reforça a importância da Reconciliação Medicamentosa como ferramenta de auxilio ao cuidado integral ao paciente internado que é preconizado pelo SUS. O número de cirurgias canceladas entre as pacientes hipertensas internadas demonstra que o manejo da HAS interferiu qualitativamente no tratamento oncológico dessas pacientes. Nosso estudo demonstra a importância do estabelecimento de um protocolo institucional voltado para o manejo adequado da HAS durante o período de internação das pacientes.

Introduction: The development of technology and advances in health care have increased the life expectancy of the population. Population aging associated conditions of stress of modern life have entailed a proportional increase in the occurrence of chronic diseases among which we can mention the high blood pressure (hypertension). The treatment and consequent clinical outcome of many pathological conditions, such as cancer, can be influenced by physiological changes generated by pre-existing diseases of the patient. According to Ministry of Health, about 25% of the Brazilian population had hypertension in 2013. On the other hand, the National Cancer Institute José Alencar Gomes da Silva (INCA) estimates that there are 576,580 new cases of cancer among Brazilians in 2014. Several studies have shown that proper treatment of comorbidities directly influences the survival and quality of life of cancer patients. Objective: To evaluate the therapeutic management of hypertension during the hospitalization period of cancer patients, assessing their clinical consequences. Methods: Retrospective descriptive study, both quantitative and qualitative, conducted with patients admitted to the Clinical Gynecologic the National Cancer Institute from July, August and September 2013. Data collection performed by INCA standardized forms used by nursing teams and Pharmacy; the electronic medical record (Alert®); physical records; and medical prescriptions generated during the hospitalization period. Results: A high prevalence of hypertension among the patients (47.9%). There was disagreement between nurses, pharmacists and physicians in identifying the presence of hypertension in hospitalized patients. The process of Medication Reconciliation was extremely important to identify the discrepancies between medications prescribed and used by patients before admission. The prescription medications for SOS use was high even in non-hypertensive patients (50.7%). Cancellation of surgeries was higher in hypertensive patients (22.8% versus 10.1% of those not SAH). Conclusion: Our study reinforces the importance of Medication Reconciliation as an aid tool for the comprehensive care of the hospitalized patient who is recommended by the SUS. The number of surgeries canceled between the hospitalized hypertensive patients demonstrates that the management of hypertension interfered qualitatively in the oncological treatment of these patients. Our study demonstrates the importance of establishing an institutional protocol facing the proper management of hypertension during the hospital stay of patients.