Alteração de peso durante a quimioterapia e a sobrevida em uma coorte hospitalar de mulheres com câncer de mama no Rio de Janeiro

Abstract

O câncer é um problema de saúde pública global, sendo uma das principais causas de mortalidade. O câncer de mama é a segunda neoplasia mais comum no mundo e, no Brasil, é o mais prevalente, com uma estimativa de 74 mil novos casos entre 2023 e 2025. As regiões Sudeste e Sul do país têm as maiores taxas de incidência. A obesidade é reconhecida como fator de risco para câncer de mama desde 1976, principalmente para mulheres no período da pós-menopausa. O ganho de peso durante e após o tratamento quimioterápico tem sido relacionado a uma pior sobrevida. O estudo teve como objetivo avaliar a alteração de peso corporal e a sobrevida durante o tratamento quimioterápico. O estudo apresentado é uma coorte retrospectiva, de base hospitalar, realizado no Instituto Nacional de Câncer, no período de 2010 a dezembro de 2011. A mediana de idade das participantes foi de 51 (DP ± 10,9). A amostra total foi de 390 mulheres. As medianas de altura, peso, IMC e CC foram respectivamente: 1,60 m (DP ± 0,08); 67,9 kg (DP ± 14,8); 27,1 kg/m² (DP ± 5,61); e 90 cm (DP ± 12,6). Das 390 participantes, 349 (89,5%) apresentaram alteração de peso entre o primeiro e o último ciclo de quimioterapia. A perda de peso foi de 2,4 kg e o ganho de peso apresentou uma mediana de 2,8 kg. No grupo com menos de 50 anos, observou-se maior ganho de peso, atingindo 73,1%. Ao final dos 60 meses de acompanhamento, 79,2% (n=309) das mulheres da coorte estavam vivas, com uma média de tempo de sobrevida de 54 meses (95% IC: 53,0-55,5). Observou-se que as mulheres que ganharam peso durante o tratamento tiveram melhor sobrevida com diferença estatisticamente significativa (p=0,003). nossos resultados indicam que mulheres com idade inferior a 50 anos após o tratamento quimioterápico apresentaram alterações ou ganho peso. Nossos achados podem ser relevantes para futuras investigações sobre os fatores que influenciam a alteração de peso em populações femininas e podem auxiliar no desenvolvimento de estratégias de saúde pública para o monitoramento e manejo dessas alterações, no entanto são necessários novos estudos na área.