Performance Prognóstica do Residual Cancer Burden Index nos Subtipos Moleculares de Câncer de Mama

Abstract

Este projeto tem como objetivo geral avaliar o Residual Cancer Burden Index (RCB Index) como preditor prognóstico nos subtipos moleculares de câncer de mama (CM) em uma coorte de pacientes tratadas por quimioterapia neoadjuvante (QT neo) no Instituto Nacional de Câncer. Foi realizado um estudo observacional de coorte retrospectiva em mulheres com diagnóstico de CM, matriculadas no Hospital do Câncer III do Instituto Nacional de Câncer (HCIII/INCA), no período de janeiro de 2013 a dezembro de 2015. Foram incluídas as pacientes com indicação de QT neo. As mulheres elegíveis foram acompanhadas até 31 de dezembro de 2020. Os dados foram coletados nos prontuários físico e eletrônicos. Foram obtidas variáveis sociodemográficas, clínicas, tumorais, do tratamento oncológico e prognósticas. Foi realizada análise descritiva da população do estudo. Para avaliar o impacto do RCB index no prognóstico, foi proposto, como desfecho primário, a sobrevida livre de recorrência a distância (SLRD) em 5 anos e como desfechos secundários foram a sobrevida livre de doença (SLD) e a sobrevida global (SG), em 5 anos. Para a avaliação da sobrevida, foram utilizados o método de Kaplan-Meier e o modelo de regressão de Cox pelo método inserção progressiva de variáveis (Stepwise Forward). Neste estudo foram elegíveis 562 mulheres, com idade média de 51,3 anos (desvio padrão 11,4). O Estadiamento clínico (EC) predominante foi o III (53,2%), apresentando os seguintes perfis moleculares: 16,7% luminais A, 52,3% luminais B, 9,6% Human Epidermal growth factor Receptor-type 2 (HER2) superexpresso e 21,4% triplo negativos. Após a QTneo, observou-se a seguinte distribuição entre as classes de RCB: 12,1% RCB-0, 6,4% RCB-I, 51,1% RCB-II e 30,4% RCB-III. As classes de RCB, ypT e ypN apresentaram diferenças estatisticamente significantes na população total e nos subtipos moleculares de CM (p<0,001). Houve pior sobrevida nas pacientes com maiores volumes residuais de doença e nos subtipos mais agressivos. RCB index mostrou poder prognóstico em todas as populações estudadas com aumento de cerca de 2 vezes no risco de progressão à distância, recorrência e óbito. As classes de RCB em pacientes com CM do subtipo luminal B mostraram aumento entre 4-5 vezes no risco de progressão a distância, recorrência e óbito, estatisticamente significante apenas em RCB-III. Já em pacientes com CM do subtipo triplo negativos (TN), as classes de RCB mostraram aumento entre 4-40 vezes no risco de progressão a distância, recorrência e óbito, estatisticamente significante em RCB-II e RCB-III. Deve haver uma melhor avaliação para o estabelecimento desta relação quando aplicadas as classes de RCB nas pacientes com CM dos subtipos luminal A e HER-2 superexpresso.