Demandas odontológicas prévias ao transplante de células tronco hematopoiéticas alogênico no Instituto Nacional de Câncer

Abstract

Introdução: O transplante de células tronco hematopoiéticas é amplamente utilizado no tratamento de doenças hematológicas, tumores sólidos e doenças autoimunes. Possui como objetivo restituir a população celular saudável do microambiente medular. Suas indicações variam conforme as variáveis do paciente, podendo ou não ser associada à radioterapia. O transplante de células tronco hematopoiéticas requer tratamento odontológico prévio e de urgência, visando a eliminação de condições orais que possam interferir na continuidade do tratamento, como focos infecciosos dentários crônicos ou agudos. Objetivo: Avaliar as demandas odontológicas prévias ao transplante de células tronco hematopoiéticas alogênico no Centro de Transplante de Medula Óssea do Instituto Nacional de Câncer. Foi realizado um estudo observacional, descritivo do tipo transversal, retrospectivo, das demandas odontológicas de pacientes submetidos ao transplante de células tronco hematopoiéticas alogênico entre janeiro de 2020 e dezembro de 2023. Metodologia: Foram coletados dados dos prontuários físicos e eletrônicos da instituição e radiografia panorâmica dos pacientes. Os dados foram inseridos em uma ficha padronizada e submetidos à análise descritiva utilizando o programa estatístico Statistical Package for the Social Sciences, versão 17.0. Resultados: A população do estudo consistiu de 84 pacientes, majoritariamente mulheres (52,4%) e com idade mediana de 40,5 anos. A maioria dos pacientes apresentada diagnóstico de Leucemia Mielóide Aguda (36,0%), recebeu tratamento prévio ao transplante de células tronco hematopoiéticas, sendo a quimioterapia realizada em 76,2% dos casos, com destaque para o protocolo 7+3 (14,4%). O transplante de células tronco hematopoiéticas aparentado (73,8%) foi o mais frequente e o Bussulfano com Fludarabina foi o principal regime de condicionamento (35,7%), enquanto que a profilaxia para Doença do Enxerto Contra o Hospedeiro mais utilizada foi a globulina antitimócito (37,0%). Na avaliação odontológica, 77,4% dos pacientes apresentaram de 21 a 32 dentes. Observou-se presença de restos radiculares (17,9%), dentes inclusos (20,2%) e cáries sem acometimento pulpar (48,8%). Além disso, 18,6% apresentaram perda de inserção periodontal, 33,3% mobilidade dentária e 31,0% usavam próteses dentárias. As intervenções odontológicas realizadas antes do transplante de células tronco hematopoiéticas alogênico foram principalmente raspagem (61,9%), exodontia (44,0%) e restaurações (36,9%). Conclusão: O estudo revelou a ocorrência de diversas patologias orais, alta demanda por tratamento odontológico pré-transplante de células tronco hematopoiéticas alogênico e destaca a importância da abordagem multiprofissional para minimizar complicações