Estratégias para transição e acolhimento dos familiares de paciente com câncer em cuidados paliativos exclusivos

Abstract

Introdução: Cuidadores familiares de pacientes com câncer avançado em cuidados paliativos apresentam grande vulnerabilidade psicológica, em função da sobrecarga das tarefas de cuidado e do sofrimento psíquico associado ao acompanhamento das perdas funcionais do ente querido e da antecipação de sua partida. O momento da transição para os cuidados paliativos exclusivos tende a fomentar sentimentos de impotência e angústia, de modo que se observa que os familiares de pacientes recém-transferidos para a internação hospitalar da unidade de cuidados paliativos oncológicos do Instituto Nacional de Câncer – Hospital do Câncer HCIV (HCIV) costumam apresentar dúvidas sobre a proposta de tratamento e dificuldade de aceitação do prognóstico, que ocasionam entraves na comunicação com a equipe multidisciplinar, e maior propensão para complicações no processo de luto. Objetivo: Compreender os cuidados de transição ofertados aos familiares dos pacientes recém-transferidos para o HCIV, a fim de identificar suas necessidades nesta fase, de modo a embasar um roteiro de reunião voltado para o acolhimento destes familiares, que passe a integrar a rotina institucional e contribua para a redução dos quadros de complicações do luto entre este público assistido. Metodologia: Tratou-se de uma pesquisa qualitativa, de caráter exploratório, realizada a partir de entrevistas semiestruturadas, com familiares com relações afetivas e de cuidado com pacientes recém-transferidos para o setor de internação hospitalar do HCIV, categorizadas com base na metodologia da análise de conteúdo temática de Bardin e interpretadas à luz do paradigma construtivista interpretacionista. Resultados: Cuidadores familiares entrevistados apresentaram necessidades de informação e orientações, que têm o sentido de mantê-los em condições de continuar exercendo o cuidado ao paciente, bem como de prepara-los para o luto. Além disso, foram identificadas necessidades psicoemocionais, que dizem respeito à consciência de sua vulnerabilidade psicológica, à interdependência com o paciente e ao desejo de fortalecimento para se manter cuidando até a partida final. Conclusão: Uma reunião de acolhimento que contemple tais necessidades pode contribuir para a minimização do sofrimento psíquico de cuidadores familiares de pacientes transferidos para os cuidados paliativos exclusivos, diminuindo os riscos de complicações do luto neste segmento já vulnerável.