Avaliação clínica dos tumores RE-/RP+ e sua classificação molecular baseada na imuno-histoquímica

Abstract

O câncer de mama é a neoplasia mais frequente em mulheres no Brasil, com estimativas recentes apontando para aumentos significativos tanto em incidência quanto em mortalidade, no Brasil e no mundo. Entre os anos de 2023 e 2025, o Instituto Nacional de Câncer (INCA) projeta a ocorrência de aproximadamente 73.610 novos diagnósticos de câncer de mama no Brasil, o que corresponde a uma taxa de 66,54 casos para cada grupo de 100 mil mulheres. Trata-se de uma doença com grande diversidade biológica e clínica, o que se reflete na variedade de subtipos histológicos e moleculares observados. O mais prevalente é o carcinoma ductal invasivo, responsável por aproximadamente 70% a 80% dos casos. Os tumores podem ser classificados conforme a expressão proteica dos receptores hormonais (RH) de estrogênio (RE) e progesterona (RP) e da molécula HER2. Os tumores classificados como negativos para receptores de estrogênio (RE-) e HER2 (HER2-), mas positivos para os receptores de progesterona (RP+), constituem um subgrupo ainda pouco explorado na literatura. A compreensão limitada desse perfil dificulta a definição do tratamento mais adequado para essas neoplasias. Estudos recentes buscam aprimorar a classificação desses tumores por meio da análise da expressão de marcadores específicos, utilizando a técnica de imuno-histoquímica. Entre os marcadores investigados estão a proteína fator de transcrição da tireoide 1 (TTF1), o receptor do fator de crescimento epidérmico (EGFR) e a citoqueratina 5 (CK5). A identificação da expressão desses marcadores pode fornecer insights sobre o comportamento biológico desses tumores, auxiliando na estratificação do risco e na personalização do tratamento. Este estudo teve como objetivo principal analisar as características clínicas de tumores com perfil receptor de estrogênio negativo e receptor de progesterona positivo, bem como sua classificação baseada na imunohistoquímica, além de avaliar os desfechos associados ao uso de terapia endócrina nesse grupo.