Uso de dermatoscopia fluorescente na definição das margens cirúrgicas do carcinoma basocelular.

Abstract

O carcinoma basocelular (CBC) é a neoplasia cutânea mais comum e, embora apresente baixa mortalidade, sua elevada incidência e potencial de destruição local configuram relevante problema de saúde pública, principalmente em regiões anatômicas expostas, como a face, onde o manejo cirúrgico deve equilibrar segurança oncológica e preservação estética. Após biópsias incisionais, a delimitação clínica do sítio tumoral torna-se desafiadora, sobretudo em subtipos infiltrativos, como o CBC esclerodermiforme, dificultando a definição da área exata a ser excisada. Nesse contexto, a dermatoscopia fluorescente induzida por ultravioleta (UVFD) surge como recurso auxiliar promissor, permitindo a visualização de alterações cutâneas não perceptíveis ao exame clínico convencional, com base na fluorescência tecidual induzida pela radiação ultravioleta. O presente trabalho, desenvolvido no Instituto Nacional de Câncer, teve como objetivo avaliar a utilidade da UVFD na definição do sítio cirúrgico e das margens tumorais em um caso de CBC previamente biopsiado. Trata-se de um estudo descritivo retrospectivo do tipo relato de caso, baseado em registros clínicos e fotográficos de um paciente de 87 anos com diagnóstico de CBC esclerodermiforme em dorso nasal. A avaliação dermatoscópica com UVFD foi realizada utilizando fonte de luz LED de 365 nm, e a cirurgia subsequente ocorreu com controle micrográfico das margens, sendo necessários dois estágios para obtenção de margens profundas livres até o periósteo, com lateral negativa já no primeiro estágio. Os resultados demonstram que a UVFD auxiliou na identificação mais precisa do sítio de biópsia e contribuiu para o planejamento cirúrgico, favorecendo a delimitação tumoral e reduzindo riscos de excisões desnecessariamente amplas. O estudo ressalta benefícios potenciais da técnica, como segurança oncológica, preservação tecidual e impacto positivo na qualidade de vida dos pacientes, especialmente em áreas anatômicas complexas. Além disso, o procedimento mostrou-se não invasivo, acessível, de baixo risco e com potencial aplicabilidade prática na rotina dermatológica, podendo constituir ferramenta complementar às abordagens tradicionais de mapeamento clínico e dermatoscópico. Apesar de se tratar de estudo limitado a um caso, os achados reforçam a necessidade de novas investigações sobre a UVFD em séries maiores de pacientes, visando consolidar sua utilização como recurso confiável no manejo do carcinoma basocelular.