O impacto do tratamento das neoplasias malignas dos órgãos genitais na sexualidade das mulheres

Abstract

Introdução: No decorrer do tratamento das neoplasias malignas dos órgãos genitais femininos, diante dos sítios anatômicos e de condições como a idade de adoecimento, é necessário considerar todas as modalidades terapêuticas disponíveis, que incluem procedimentos cirúrgicos, quimioterapia e radioterapia, sejam estas utilizadas exclusivas ou combinadas. Contudo, independente da terapia ofertada, o enfrentamento do câncer ginecológico tem potencial impacto negativo na qualidade de vida e sexualidade das mulheres, pois além das alterações fisiológicas, transtornos psicossociais podem ser experimentados, e afetam não somente a sexualidade, como também a adesão ao tratamento e o autocuidado. Objetivo: Analisar as produções científicas disponíveis na literatura acerca do impacto do tratamento das neoplasias malignas dos órgãos genitais na sexualidade das mulheres. Metodologia: Trata-se de uma revisão integrativa da literatura, realizada a partir da busca de publicações indexadas nas bases: Medline via Pubmed; Lilacs via BVS; Scopus e Cinahl, com recorte temporal de Janeiro de 2008 a Dezembro de 2018, utilizando os descritores controlados contemplados no DeCS. Como resultado das buscas nas referidas bases de dados, obtiveram-se 628 artigos. Após leitura do título e/ou resumo, aplicação dos critérios de inclusão e exclusão e leitura na íntegra dos estudos pré-selecionados, a amostra final para compor a presente revisão integrativa foi de 10 artigos. Para a organização da amostra final, foi elaborada uma tabela de coleta de dados, contendo: identificação do autor principal, periódico, país e ano de publicação, objetivo, principais resultados encontrados e tipo de estudo. Quanto ao nível de evidência, foi escolhida a classificação de Kizas e Hood e complementarmente o grau de recomendação do Institute Joanna Briggs. Resultados: A síntese dos dados obtidos da literatura comprovou que a função sexual diante do tratamento das neoplasias malignas dos órgãos genitais foi adversamente afetada pela radioterapia e cirurgia radical, além de questões de acesso a saúde e sintomas crônicos, como fadiga intensa, ansiedade, menopausa precoce, ressecamento e atrofia vaginal, perda da sensibilidade local, diminuição do desejo, entre outros. Também foi relatado que quando fornecidas informações sobre os possíveis efeitos colaterais do tratamento, as pacientes eram melhor preparadas, diminuindo sintomas de ansiedade e através da reabilitação sexual tornou-se possível obter uma melhor qualidade de vida. Discussão: Questões ginecológicas são identificadas como uma grande preocupação na saúde geral e na função sexual de mulheres portadoras de neoplasias malignas dos órgãos genitais, porém ainda continuam subvalorizadas. Diante das evidências científicas encontradas nos artigos que compõem a amostra deste estudo, optou-se por categoriza-las da seguinte maneira: impactos fisiológicos e impactos psicossociais resultantes do tratamento das neoplasias malignas dos órgãos genitais na sexualidade das mulheres. Conclusão: Ao conhecer os impactos fisiológicos e psicossociais resultantes do tratamento das neoplasias malignas dos órgãos genitais femininos, é necessário considerar uma reformulação na assistência prestada, interdisciplinarmente, por meio do esclarecimento prévio dos efeitos colaterais secundários ao tratamento, a fim de auxiliar e fornecer estratégias para um autocuidado satisfatório e consequente enfrentamento positivo diante da doença.

Introduction: In the course of treatment of malignant neoplasms of the female genital organs, before anatomical sites and conditions such as the age of illness, it is necessary to consider all available therapeutic modalities, which include surgical procedures, chemotherapy and radiotherapy, whether they are used exclusively or combined. However, regardless of the therapy offered, the confrontation of gynecological cancer has a potential negative impact on the quality of life and sexuality of women, since in addition to the physiological changes, psychosocial disorders can be experienced, affecting not only sexuality, but also acceptance to treatment and selfcare. Objective: Analyze the scientific literature available on the impact of treatment of malignant neoplasms of the genital organs on the sexuality of women. Methodology: This is an integrative review of the literature, based on the search of publications indexed in the database: Medline via Pubmed; Lilacs via VHL; Scopus and Cinahl, from January 2008 to December 2018, using the controlled descriptors included in DeCS. As a result of the research, 628 articles were obtained. After reading the title and / or abstract, applying the inclusion and exclusion criteria and reading in full the pre-selected studies, the final sample to compose the present integrative review was 10 articles. For the organization of the final sample, a spread sheet was prepared, containing: identification of the main author, periodical, country and year of publication, objective, main results found and type of study. As for the level of evidence, the classification of Kizas and Hood was chosen and, in addition, the degree of recommendation of the Institute Joanna Briggs. Results: The data obtained from the literature showed that sexual function in the treatment of malignant neoplasms of the genital organs was adversely affected by radiotherapy and radical surgery, as well as issues of access to health and chronic symptoms such as intense fatigue, anxiety, menopause precociousness, vaginal dryness and atrophy, loss of local sensitivity, decreased desire, among others. It has also been reported that when given information about the possible side effects of treatment, patients were better prepared, lessening anxiety symptoms and through sexual rehabilitation it became possible to obtain a better quality of life. Discussion: Gynecological issues are identified as a major concern in the general health and sexual function of women with malignant neoplasms of the genital organs, but are still undervalued. Considering the scientific evidence found in the articles that supported this study, we chose to categorize them as follows: physiological impacts and psychosocial impacts resulting from the treatment of malignant neoplasms of the genitals in women's sexuality. Conclusion: In order to understand the physiological and psychosocial impacts resulting from the treatment of malignant neoplasms of the female genital organs, it is necessary to consider a reformulation in the assistance given, interdisciplinarily, through the prior clarification of secondary side effects to the treatment, in order to assist and provide strategies for a satisfactory self-care and consequent positive confrontation with the disease.