Análise comparativa entre avaliação intraoperatória por imprint e avaliação histopatológica de linfonodo sentinela em neoplasia maligna de mama tratada com quimioterapia neoadjuvante

Abstract

No Brasil, o câncer de mama é a neoplasia maligna mais prevalente entre as mulheres. A biópsia de linfonodo sentinela (BLS) permite o estadiamento linfononal e sua aplicação reduz a morbidade da cirurgia axilar, tornando a realização do esvaziamento axilar restrita a situações específicas. O "imprint" citológico é uma das técnicas utilizadas para detecção intraoperatória de metástase linfonodal. Entretanto a histopatologia é considerada método padrão-ouro. O estudo objetivou comparar o método de imprint citológico e a avaliação histopatológica em parafina para detecção de linfonodo sentinela em mulheres com neoplasia de mama, tratadas com quimioterapia neoadjuvante. Materiais e métodos: Foi realizado estudo transversal de 2014-2016, que incluiu pacientes com câncer de mama, com laudo de linfonodo sentinela (LS) que foram submetidas à imprint durante a cirurgia e que fizeram quimioterapia neoadjuvante em instituição de referência em oncologia localizada no Rio de Janeiro – Brasil. Foram coletadas em prontuário: idade, diâmetro tumoral, tipo histológico e grau de diferenciação, diagnóstico por imprint, histopatológico em parafina e resposta clínico- radiológica parcial ou completa à quimioterapia. Análise de sensibilidade, especificidade, acurácia, valores preditivos positivo e negativo foram calculados pelas fórmulas padrão. Resultados: foram incluídos 64 casos, com idade média de 51 anos. O tipo histológico mais frequente foi carcinoma invasivo (93.75%), assim como o grau 2 de diferenciação (62.5%). Foram identificados 153 linfonodos, com média de 2.39/caso, 34 linfonodos positivos para malignidade no imprint e 55 na parafina. Dos 55 linfonodos positivos, 41 foram para macrometástase (74,5%) e 14 para micrometástase (25,5%); 21 linfonodos falso-negativos: 7 para macrometástase e 14 para micrometástase, indicando a 17.6% falso-negativos no imprint. O imprint apresentou sensibilidade de 61.8%, especificidade e valor preditivo positivo máximos (100%), valor preditivo negativo de 82.4% e acurácia de 86.3%. O método apresentou sensibilidade nula para a identificação de micrometástases. Conclusão: A taxa de falso-negativos no imprint, associado ao número de LS obtidos, e a taxa de resposta completa à quimioterapia neoadjuvante obtido no estudo é comparável à literatura atual. O imprint possuiu boa acurácia, excelente especificidade para a detecção do LS, contudo não foi capaz de detectar micrometástases linfonodais.

To compare imprint cytology and paraffin-section histology for sentinel lymph node detection in women with breast cancer treated with neoadjuvant chemotherapy. Method: A cross-sectional study with 64 patients with breast cancer and a report of sentinel lymph node status, who had been submitted to intraoperative imprint cytology and to neoadjuvant chemotherapy in a referral cancer institute in Rio de Janeiro, Brazil between 2014 and 2016. Results: Mean age was 51 years. The most common histological type was invasive ductal carcinoma (93.75%) and the most common differentiation grade was grade 2 (62.5%). Overall, 153 lymph nodes were identified, with a mean of 2.39/case. Thirty-four lymph nodes tested positive for malignancy at imprint cytology and 55 at histology. Of the 55 positive lymph nodes, 41 (74.5%) involved macrometastasis and 14 (25.5%) micrometastasis. There were 21 false-negatives with imprint cytology, 7 for macrometastasis and 14 for micrometastasis, resulting in a rate of 17.6%. The sensitivity of imprint cytology was 61.8%, with specificity and positive predictive values of 100%, a negative predictive value of 82.4% and accuracy of 86.3%. The method presented null sensitivity for the identification of micrometastases. Conclusions: The false-negative rate with imprint cytology was associated with the number of sentinel lymph nodes obtained. The rate found for complete response to neoadjuvant chemotherapy was comparable to rates currently reported in the literature. The accuracy of imprint cytology was good and its specificity was excellent for sentinel lymph node detection; however, the method was unable to detect lymph-node micrometastasis.