Um novo olhar sobre composição corporal em mulheres com câncer ginecológico – exploração de possíveis fenótipos

Abstract

A obesidade, a sarcopenia e, mais recentemente, as alterações na qualidade do músculo esquelético (ME) - tais como o acúmulo de gordura no músculo, têm sido associados a piores desfechos clínicos em pacientes com câncer. Uma vez que é possível coexistirem diferentes fenótipos relacionados à quantidade e a qualidade da ME, faz-se necessária sua exploração. Objetivo: Descrever os diferentes fenótipos possíveis de composição corporal e ME e relacionar com as características clínicas e sócio demográficas de mulheres com câncer de endométrio. Materiais e métodos: Foram incluídas pacientes com diagnóstico de câncer de endométrio, matriculadas entre 2008 e 2015 que possuíam tomografia computadorizada (TC) pré tratamento neoplásico. Foram coletados dados sociodemográficos, informações clínicas e antropométricas. O índice de musculatura esquelética (IME, cm2 /m2 ), obtido pelo corte da terceira vértebra lombar, foi utilizado para avaliação quantitativa do ME. A qualidade do ME foi definida utilizando o intervalo de -29 a +29 HU para demarcação da área denominada índice de músculo esquelético de baixa radiodensidade (IMEBR, cm2 / m2), supondo que esta faixa discrimina a área muscular infiltrada por gordura. Foram criados quatro fenótipos de ME pela combinação da classificação dos IME e IMEBR de acordo com a mediana. Também foram propostos quatro fenótipos de composição corporal, associando o Índice de Massa Corporal (IMC) e o IME. As variáveis foram consideradas estatisticamente significativas quando o p-valor foi <0,05. Resultados: Foram 316 mulheres elegíveis para o estudo. O fenótipo de composição corporal mais frequente foi “Sem sarcopenia + Excesso de peso”. Os fenótipos de composição corporal não apresentaram associação estatística com as características clínicas das pacientes. Em relação ao fenótipo de qualidade do ME, o fenótipo “Sem sarcopenia + Alto IMEBR” associou-se à idade avançada, obesidade e presença de comorbidades. Destaca-se que, das pacientes sem sarcopenia, a obesidade foi fator determinante no alto IMEBR. Conclusão: O IMC e a idade se associaram com os diferentes perfis de fenótipos de qualidade muscular e as pacientes com câncer de endométrio apresentaram baixa qualidade de ME. Explorar fenótipos de composição corporal torna-se importante em estudos futuros.

Obesity, sarcopenia, and, more recently, changes in skeletal muscle (SM) quality - such as muscle fat accumulation - have been associated with worse clinical outcomes in cancer patients. Since it is possible to coexist different phenotypes related to the quantity and quality of SM, it is necessary to explore them. Objective: To describe the different possible phenotypes of body composition and SM and to relate to the clinical and socio-demographic characteristics of women with endometrial cancer. Materials and methods: Patients with diagnosis of endometrial cancer, enrolled between 2008 and 2015 who had pre-treatment computed tomography (CT) were included. Sociodemographic, clinical and anthropometric data were collected. The skeletal muscle index (SMI, cm2 / m2), obtained by the cut of the third lumbar vertebra, was used for quantitative evaluation of SM. The quality of the SM was defined using the range of -29 to +29 HU for the demarcation of the area called low-radiodensity skeletal muscle index (LRSMI, cm2 / m2), assuming that this range discriminates the muscle area infiltrated by fat. Four SM phenotypes were created by combining the classification of the SMI and LRSMI according to the median. Four phenotypes of body composition were also proposed, associating BMI and SMI. The variables were considered statistically significant when the p-value was <0.05. Results: There were 316 women eligible for the study. The most frequent phenotype of body composition was "No sarcopenia + Excess weight". The phenotypes of body composition did not present statistical association with the clinical characteristics of the patients. In relation to the SM quality phenotype, the phenotype "Without sarcopenia + High LRSMI" was associated with advanced age, obesity and the presence of comorbidities. It is noteworthy that, of the patients without sarcopenia, the obesity was a determining factor in the high LRSMI. Conclusion: BMI and age were associated with different profiles of muscle quality phenotypes and patients with endometrial cancer presented low quality of SM. Exploring phenotypes of body composition becomes important in future studies.