A participação da equipe de enfermagem no processo de desospitalização da criança com câncer

Abstract

Introdução: O câncer infanto-juvenil é a primeira causa de morte por doença entre a faixa etária de 0 a 19 anos e atinge primordialmente células sanguíneas e dos tecidos de sustentação, sendo as leucemias, os linfomas e os tumores de sistema nervoso central (SNC) os mais frequentes. Nas últimas quatro décadas, o progresso no tratamento oncológico foi expressivo, demonstrando aumento na taxa de cura e sobrevida das crianças e adolescentes em torno de 80%. Com isto, esta população faz parte de uma transição etária antes não vista, na qual as crianças e os adolescentes sobreviventes podem apresentar problemas crônicos de saúde decorrentes do tratamento (INCA, 2019). O diagnóstico precoce vai permitir aumentar as possibilidades de cura, tratamento e desospitalização dessas crianças de forma segura, com garantia de continuidade do cuidado no domicílio através de um olhar prospectivo para um cuidado de uma doença crônica, capaz de causar mudanças na vida da criança e sua família. Objetivo: Analisar a participação da equipe de enfermagem no processo de desospitalização da criança com câncer. Metodologia: Trata-se de um estudo tipo exploratório e descritivo, com abordagem qualitativa, utilizando o método de análise de conteúdo proposto por Laurence Bardin e desenvolvido na enfermaria de pediatria de um Instituto de referência nacional no tratamento de câncer. A população foi composta por enfermeiros e técnicos de enfermagem atuantes na enfermaria de pediatria que possuíam tempo de atuação superior a 1 ano. A coleta de dados contou apenas de uma etapa, a qual consistiu na utilização de um formulário e entrevista semiestruturada elaborado especificamente para este estudo em uma entrevista com auxílio de gravador de voz, utilizando o roteiro semiestruturado. Resultados: Foram realizadas entrevistas com 30 profissionais de enfermagem e posteriormente transcritas na íntegra para serem analisadas. As narrativas foram divididas em cinco categorias, são elas: o processo de desospitalização como continuidade do cuidado; a importância da desospitalização segura; o resgate do vínculo familiar após a desospitalização; o processo de desospitalização na visão da enfermagem; e o planejamento do cuidado para a desospitalização. Conclusão: Apesar dos profissionais de enfermagem concordarem com a importância da desospitalização da criança com câncer, esse processo ocorre de forma fragmentada e precipitada, e para uma melhor continuidade do cuidado no domicílio, salientaram a necessidade de uma sistematização do processo, visto que a sobrecarga de trabalho e a grande demanda assistencial afetam diretamente no planejamento de alta hospitalar.